Quase 90% dos enfermeiros apresentam sintomas de síndrome de burnout, aponta pesquisa
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Um dos principais medos dos profissionais de Enfermagem durante a pandemia é o de ficarem doentes e precisarem ser cuidados. Essa é uma das conclusões da pesquisa O Impacto da Pandemia Covid-19 na Saúde Mental dos Profissionais de Enfermagem do Estado de São Paulo, realizada pelo Conselho Regional de Enfermagem de São Paulo (Coren-SP).
O estudo, que contou com a parceria da Universidade do Oeste Paulista (Unoeste), ouviu 13.587 profissionais de Enfermagem (enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem). A maioria das pessoas entrevistadas (87%) são mulheres. A pesquisa apontou, ainda, que 80% dos participantes estão em contato com casos suspeitos ou confirmados de covid-19 no trabalho.
Entre as pessoas ouvidas, 93,3% têm medo de levar o novo coronavírus para seus familiares; quase 60% dos profissionais de Enfermagem residem com pessoas do grupo de risco. Além disso, as pessoas relataram preocupação de ficar doente (86%) e de ter cuidados exagerados com contatos pessoais, higiene e limpeza (81,7%).
A maioria das pessoas entrevistadas relataram alterações de comportamento por conta da pandemia, entretanto apenas 14% afirmaram fazer tratamento psicológico. O estudo apontou que 87% dos profissionais ouvidos tiveram sintomas de burnout.
Essa síndrome é manifestada por sinais de exaustão extrema, estresse e esgotamento físico e tem como principal causa o excesso de trabalho. A patologia é comum em profissionais que atuam sob pressão constante, como médicos e enfermeiros.
Entre os outros sintomas mais relatados foram: insônia (73%); vontade maior de chorar (70%); e aumento de apetite (67%). Mais da metade dos profissionais de Enfermagem também relataram sinais de ansiedade, como reações de suor intenso, taquicardia, tremores, náuseas e agitação, que podem estar relacionados à extensa jornada de trabalho e ao medo de contaminação.
A atividade de combate à covid-19 tem influenciado também as relações sociais e familiares dos profissionais dessa área. Cerca de 75% das pessoas entrevistadas perceberam que as relações com os amigos foram prejudicadas, e pouco menos de 74% afirmaram que as com a família também foram afetadas pela pandemia.
Apesar da pressão e das alterações na saúde mental, a maioria das pessoas ouvidas disseram que não aumentaram o consumo de substâncias como bebidas alcoólicas, tabaco, café, energéticos e medicamentos psicotrópicos. Isso mostra a compreensão dos profissionais de que a utilização dessas substâncias pode vulnerabilizá-los em vez de auxiliá-los neste momento.
A pesquisa deve subsidiar medidas e intervenções relacionadas à promoção e à prevenção de doenças psicológicas entre os profissionais do setor. “Ela também pode alertar as autoridades sobre a saúde mental da enfermagem, reivindicando criação de fluxos de atendimento e melhores condições de trabalho”, avaliou Cláudio Silveira, presidente em exercício do Coren-SP, em release da instituição.
A pesquisadora Mariana Vastag, professora da Unoeste, analisa a importância do estudo para lidar com as relações de vulnerabilidade quanto à ansiedade e ao esgotamento profissional. “Com a pesquisa, é possível realizar proposições de medidas e intervenções relacionadas à promoção e à prevenção junto às instituições de saúde no que concerne a saúde mental do profissional de Enfermagem”, afirmou Vastag.
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Fontes: Roche, Ministério da Saúde, SaveLivez, Inovativa Brasil, SalvoVidas.