Pfizer autoriza versão genérica de remédio contra covid-19

25 de dezembro de 2021 4 mins. de leitura
O medicamento Paxlovid poderá ser vendido mais barato para países emergentes

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A Pfizer vai permitir que o Paxlovid, remédio desenvolvido para tratar a covid-19, seja produzido por fabricantes de medicamentos genéricos como forma de ampliar o acesso global à pílula. A novidade foi anunciada pela farmacêutica em 16 de novembro.

No acordo de licenciamento assinado com o Grupo de Patentes de Medicamentos (MPP), entidade apoiada pela Organização das Nações Unidas (ONU), o laboratório permitiu que o antiviral seja fabricado e vendido mais barato em 95 países de rendas baixa e média. O contrato é semelhante ao firmado pela Merck em relação à própria pílula contra o novo coronavírus.

Com a permissão da empresa, os fabricantes terão acesso à fórmula da droga para produzir uma versão genérica que será distribuída em países localizados principalmente nos continentes africano e asiático. Porém, a comercialização nesses lugares ainda depende da autorização dos órgãos reguladores locais.

A nova pílula ainda não teve o pedido de uso emergencial analisado nos Estados Unidos. (Fonte: Shutterstock/Reprodução)
Pedido de uso emergencial da nova pílula está em análise nos Estados Unidos. (Fonte: Shutterstock/Reprodução)

O medicamento, também conhecido como PF-07321332, foi considerado eficaz na prevenção das formas graves de covid-19 em um ensaio clínico divulgado em outubro. Após a pesquisa demonstrar eficácia de 89% na redução dos riscos de hospitalização e morte, a Pfizer solicitou o uso emergencial do antiviral nos Estados Unidos.

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Brasil fora do acordo

Embora o Brasil tenha um dos piores números de casos e mortes relacionadas à pandemia, o país não foi incluído no acordo que permite a fabricação da versão genérica do Paxlovid. O mesmo aconteceu com China, Rússia, Malásia, Tailândia e Argentina.

Ao The New York Times, o coordenador de acesso a medicamentos do Médicos Sem Fronteiras no Brasil, Felipe Carvalho, comentou a exclusão, lamentando a opção do laboratório. De acordo com ele, a maior parte dos brasileiros depende do sistema público de saúde e não tem condição de pagar por tratamentos caros.

O tratamento com Paxlovid dura cinco dias e é feito em casa. (Fonte: Shutterstock/Reprodução)
Tratamento com Paxlovid dura 5 dias e é feito em casa. (Fonte: Shutterstock/Reprodução)

Mesmo não tendo sido incluído no acordo, o Brasil poderá ter acesso ao novo remédio da Pfizer para covid-19. Nesse caso, o governo vai precisar negociar a compra dos comprimidos diretamente com a farmacêutica, provavelmente pagando valores mais altos que os cobrados pela versão genérica.

Os 95 países cobertos pelo contrato de licenciamento do medicamento representam cerca de 53% da população mundial. Segundo o MPP, o grupo inclui todas as nações classificadas como de rendas baixa e média-baixa, além de algumas consideradas de renda média-alta localizadas na África subsaariana.

Medicamento não substitui vacina

Administrado via oral quando surgem os primeiros sinais da infecção ou após o contato com alguém doente, o Paxlovid atua bloqueando uma enzima utilizada pelo coronavírus para se replicar. Ele é usado em conjunto com o Ritonavir, um inibidor de protease.

O tratamento dura cinco dias, com a administração de dois comprimidos de 150 miligramas do PF-0732132 e uma pílula de 100 miligramas de Ritonavir duas vezes a cada 24 horas, como recomenda a fabricante. A companhia deve entregar 180 mil unidades até o fim de 2021 e tem previsão de produzir 50 milhões de pílulas em 2022.

Considerada útil nos países com poucas pessoas vacinadas, pela facilidade de administração e pela eficácia demonstrada no ensaio, a pílula não substitui a vacina contra o coronavírus. Ela atua como um complemento à imunização, podendo ser utilizada quando há suspeita de infecção pelo Sars-CoV-2.

Fonte: Pfizer, The New York Times, Agência Brasil.

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