Serviços de radioterapia têm queda de 60% no Brasil

20 de dezembro de 2020 4 mins. de leitura
Novo levantamento indica que pandemia de covid-19 provocou redução acentuada nos serviços do País

De acordo com um levantamento feito pela Sociedade Brasileira de Radioterapia (SBR), os atendimentos de radioterapia tiveram queda de pelo menos 60% no Brasil em 2020, sendo que os serviços radioterápicos sofreram ao menos 20% de redução na movimentação de pessoas nas cinco regiões do País. Em 15% dos casos, o decréscimo foi agravante, e os atendimentos chegaram a cair pela metade.

Para a coleta de dados, 126 das 256 instituições de tratamento radioterapêutico responderam a um questionário. O Estado de Rondônia optou por não participar da pesquisa.

Queda de atendimentos

Pandemia e distância média para serviços de radioterapia são fatores na queda dos atendimentos no Brasil. (Fonte: Shutterstock)
Pandemia e distância média para serviços de radioterapia são fatores na queda dos atendimentos no Brasil. (Fonte: Shutterstock)

Além dos surtos de covid-19, a queda no volume de pacientes foi listada como uma questão multifatorial. Entre os motivos citados pelos participantes se destacam ausência de encaminhamento para tratamento radioterápico pela equipe médica, medo ou temor de realizar o procedimento por parte do paciente ou da família e queda no número de diagnósticos de novos casos de câncer.

Segundo a avaliação da SBR, a repressão da demanda por esse tipo de tratamento pode se tornar um grande problema no futuro porque, em dado momento, a situação deve acarretar crescimento nas filas para tratamento de câncer, o que aumenta a probabilidade de desenvolvimento de casos mais avançados de tumores malignos.

Encaminhamento médico

Um dos fatores que têm levado médicos a diminuírem os encaminhamentos para o tratamento de radioterapia, segundo a SBR, é a distância que o paciente precisa percorrer para receber atendimento. Segundo a pesquisa, a situação, que já era grave antes da pandemia, acabou se agravando ainda mais pelas recomendações de isolamento social.

O mapeamento apresentado pela SBR demonstra que a média de deslocamento até o local mais próximo de atendimento radioterápico é de 76 quilômetros no Brasil. Em São Paulo, chega a cair para 33 quilômetros, porém em regiões onde esse tipo de serviço é inexistente, como Roraima e Acre, os números crescem consideravelmente para 1.605,5 quilômetros e 1.487,3 quilômetros, respectivamente.

Impacto da pandemia

Apesar de não ter sido incluída entre os três motivos mais evidentes para a queda dos tratamentos por radioterapia, a pandemia de covid-19 tem papel fundamental na mudança dos números. De acordo com os dados da SRB, cerca de 52% dos pacientes e 54% dos colaboradores foram diagnosticados com o novo coronavírus.

Como pacientes de câncer são considerados parte dos grupos de risco do Sars-CoV-2, visto que o tratamento para esse tipo de doença envolve queda na imunidade, atendimentos e cirurgias eletivas têm sido deixados para depois com o objetivo de evitar aglomerações nos corredores das instituições hospitalares.

Dessa forma, a frequência dos atendimentos caiu pela metade em quase todas as partes do Brasil, permanecendo em 52,4%. As regiões mais impactadas, por ordem, foram Sul (34,6% de frequência), Centro-Oeste (44,4%), Sudeste (53%), Norte (60%) e Nordeste (75%).

Telemedicina

Em caráter excepcional, CFM autorizou serviços de telemedicina para proteger médicos e pacientes durante a pandemia. (Fonte: Shutterstock)
Em caráter excepcional, CFM autorizou serviços de telemedicina para proteger médicos e pacientes durante a pandemia. (Fonte: Shutterstock)

Para que os atendimentos não fossem completamente interrompidos e os quadros médicos não se desenvolvessem para algo mais severo, diversas instituições optaram por saídas tecnológicas para diminuir o fluxo de pessoas em suas sedes de operação. A principal resposta utilizada foi a telemedicina, surgindo como uma metodologia capaz de exercer a triagem de casos por plataformas virtuais.

Entre os serviços entrevistados pela SBR, 80 adotaram atendimento telefônico, 41 atuaram nas redes sociais, 23 desenvolveram plataforma de telemedicina e 17 fazem consultas por videoconferência.

As modalidades de telemedicina foram reconhecidas pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), em caráter excepcional, como forma de proteger a saúde de médicos e pacientes durante a pandemia. Segundo a entidade, a regulamentação dos atendimentos por WhatsApp, Skype e outras ferramentas deve durar até o fim da crise mundial.

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Fonte: Medicina S/A, Agência Brasil.

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