Covid-19 pode aumentar a propensão a outras infecções

9 de fevereiro de 2023 4 mins. de leitura
A infecção por covid-19 prejudica a microbiota intestinal e deixa o organismo e o sistema de defesa mais vulneráveis a outras doenças

Um estudo publicado na revista Nature Communications mostrou que pessoas infectadas pela covid-19, mesmo em casos leves da doença, podem se tornar mais vulneráveis a outros tipos de infecção devido à redução da microbiota intestinal.

Essa estrutura é formada por uma rede de ecossistemas que trabalham para impedir que bactérias patogênicas consigam se reproduzir e enfraquecer o organismo. Quando essa barreira é prejudicada, como ocorre em casos de infecção por coronavírus, abre-se caminho para que diferentes tipos de patógeno entrem em contato e assumam o controle do corpo.

O estudo sugere que o vírus da covid-19 interfere no equilíbrio saudável dos micróbios intestinais, o que acaba deixando os pacientes mais suscetíveis a infecções secundárias.

Mais detalhes do estudo

Os pesquisadores da NYU Grossman School of Medicine (EUA), responsáveis pelo estudo, fizeram um teste com 96 pessoas hospitalizadas por covid-19 em 2020 para obter mais dados. A partir das análises, observaram que todas apresentavam baixa diversidade de microbioma intestinal e aumento de colônias de micróbios resistentes, o que também pode estar ligado ao uso excessivo de antibióticos no início da pandemia, para tentar tratar a doença.

Com isso, os dados sugerem que a dinâmica do organismo de pessoas com covid-19 é semelhante à que ocorre em pacientes com câncer: os organismos causadores da infecção se transportam do intestino para o sangue (devido à perda da integridade da barreira intestinal protetora) e podem gerar ou abrir caminho para outros danos infecciosos no corpo.

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Por que algumas pessoas pegam covid-19 e outras não?

Tais informações aumentam a movimentação de outras dúvidas. Muitos se questionam, por exemplo, por que algumas pessoas não são infectadas pelo coronavírus.

A tese indicada pela maioria dos estudos realizados é que o ponto-chave está relacionado a fatores genéticos. Os dados mostram que alguns seres humanos são capazes de não se infectar com as novas variantes do coronavírus por apresentarem células de memória produzidas por infecções anteriores com outros coronavírus. Essas células são capazes de destruir o vírus, uma vez que já lidaram com a estrutura dele antes.

Células de memória podem eliminar o vírus da covid-19. (Fonte: Getty Images/Reprodução)

Outra teoria é de que algumas pessoas, especialmente crianças, contam com maior quantidade de receptores de reconhecimento de padrões (PRR) dentro das células. São substâncias naturais, que fazem parte do sistema imunológico e destroem qualquer microrganismo estranho que consiga penetrar no interior das células.

De qualquer forma, a genética é o ponto de segurança, seja por mecanismos geneticamente determinados nas células, seja pela proteção de forma cruzada por infecções antigas.

Essas descobertas são importantes não só para compreender quem tem menor propensão de pegar a doença, mas também ajudar no desenvolvimento de novas vacinas e medicamentos.

Qual é a possibilidade de reinfecção por covid?

Ainda não há consenso na comunidade científica a respeito das chances de reinfecção por covid-19. O que se sabe é que há a possibilidade de pegar a doença mais de uma vez, especialmente por conta das novas variantes de coronavírus. Isso porque o corpo não obtém proteção às mutações, apenas se protege contra o vírus que já o infectou.

Nesse sentido, pode-se dizer que a exposição a uma nova linhagem viral é o principal fator de reinfecção da doença, mas outras circunstâncias também podem abrir espaço para a contaminação pelo mesmo vírus, como a baixa eficácia de ação do sistema imunológico.

Novas variantes são as principais responsáveis pelas reinfecções. (Fonte: Getty Images/Reprodução)

Fonte: Nature Communications, Forbes, Nature, National Library of Medicine, Nature Biotechnology, UFJF

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