Aumento dos casos da doença autoimune no Peru tem gerado muita preocupação; conheça causas, sintomas e tratamentos
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Uma síndrome com nome peculiar tomou os noticiários em julho deste ano. No dia 9, o governo do Peru declarou emergência de saúde devido ao aumento de casos da síndrome de Guillain-Barré. A morte de quatro pessoas levou as autoridades a tomarem essa decisão, que tem duração inicial de 90 dias.
Atualmente, a emergência atinge pelo menos 25 regiões do país, registrando mais de 180 casos até agora. O governo peruano busca ajuda internacional para conter o número de afetados e diminuir a letalidade da doença.
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A síndrome de Guillain-Barré é um distúrbio autoimune, ou seja, ocasionado pelos próprios mecanismos de defesa do corpo. No caso da doença, o sistema nervoso periférico é atacado, fazendo que os nervos se inflamem. Esse sistema é o responsável direto pela comunicação entre o cérebro e diversas funções realizadas pelos músculos de nosso corpo.
Geralmente, o distúrbio é causado por um processo infeccioso prévio no corpo do paciente.
Apesar de ser uma condição rara, a síndrome de Guillain-Barré é bastante perigosa. Em seu estágio inicial, a doença costuma causar fraqueza muscular, redução de reflexos, sensação de formigamento e outros sintomas mais leves, especialmente nos membros inferiores.
Porém, com a evolução da doença para casos mais graves, a fraqueza pode afetar músculos importantes para a manutenção da vida do paciente, como os envolvidos na deglutição e na respiração. A dificuldade ao alimentar-se, ocasionando engasgos, e a necessidade de ventiladores mecânicos para conseguir respirar são alguns riscos gerados ao paciente. A síndrome de Guillain-Barré pode levar o paciente a óbito, dependendo do nível de comprometimento desses músculos.
A síndrome de Guillain-Barré não é uma doença comum, já que os registros de casos indicam entre uma e quatro pessoas afetadas a cada 100 mil habitantes. A faixa etária mais perigosa é entre 20 e 40 anos.
Apesar de ser uma doença autoimune, algumas infecções causadas por outras doenças estão ligadas ao surgimento da síndrome, entre elas:
Apesar de a maioria dos casos da síndrome de Guillain-Barré não se tornar grave, é importante prestar atenção na rápida evolução que a doença pode apresentar.
Em um primeiro momento, a fraqueza nas pernas é o sintoma mais comum, sendo muitas vezes acompanhado de formigamento e perda dos reflexos. Em 90% dos pacientes, a perda das funções das pernas é mais grave durante a terceira e a quarta semana após o início dos sintomas.
Entre 5% e 10% dos pacientes apresentam problemas de respiração devido ao enfraquecimento dos músculos ligados a essa função. Em casos extremamente graves, o sistema nervoso autônomo também pode ser afetado, levando o paciente a ter problemas relacionados à pressão, alterações cardiovasculares e retenção de urina.
Não há necessidade de tratamento para a síndrome em casos leves; são realizados apenas cuidados de apoio e observação para que a doença não se agrave. Alguns pacientes necessitam de auxílio de ventiladores mecânicos para facilitar a respiração, cateter para a alimentação etc.
Em casos mais graves ou que indiquem uma evolução muito rápida da doença, o tratamento administrado envolve imunoglobulinas, ou seja, uma solução contendo muitos anticorpos diferentes coletados de um grupo de doadores.
Caso esse tratamento não seja eficaz, outra opção é a plasmaférese, um processo que separa o plasma do sangue para que eles sejam filtrados.