Dificuldades sociais do TDAH podem estar ligadas a quadros de depressão e ansiedade, dificultando a diferenciação dos casos de autismo
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Um estudo conduzido por pesquisadores britânicos e publicado na revista Scientific Reports indicou que sintomas intensos de Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) podem estar mais relacionados a problemas de saúde mental, como depressão e ansiedade, do que ao Transtorno do Espectro Autista (TEA), como os diagnósticos costumam apontar.
Isso porque essas doenças mentais podem aumentar o nível de dificuldade social nas pessoas com TDAH, o que tende a dificultar a diferenciação entre esse transtorno e o autismo, mesmo que em muitos casos as duas condições aconteçam simultaneamente.
Os pesquisadores utilizaram o site Prolific para encontrar os participantes do estudo, contando ao final com 504 adultos (51% mulheres e 49% homens), com idades entre 18 anos e 79 anos, residentes no Reino Unido. Todos preencheram um questionário padrão-ouro que é utilizado para o diagnóstico e a identificação de traços autistas e de TDAH.
As análises mostraram que adultos com altos níveis de sintomas de TDAH (como distração, hiperatividade, impulsividade, desregulação emocional e disfunção executiva) apresentam probabilidade muito maior de sofrer depressão e ansiedade do que adultos autistas.
O autor sênior do estudo, Punit Shah, professor da Universidade de Bath (Reino Unido), explicou que um ponto importante para essa conclusão está relacionado à disfunção executiva, apresentada por pessoas com TDAH. O termo “função executiva” se refere à capacidade de planejar e responder a planos. Nesse sentido, os pesquisadores perceberam que pessoas autistas têm capacidade de desempenhar bem essa função, planejando e executando tarefas; em contrapartida, aquelas com TDAH são mais propensas a inibir a resposta ao ambiente e não cumprir certas atividades.
Dessa forma, esse sintoma pode ser um importante ponto para distinguir as duas condições ao mesmo tempo que serve para relacionar o TDAH a problemas de saúde mental, especialmente à depressão e à ansiedade. Isso porque a inibição de tarefas está, na grande maioria dos casos, ligada a essas duas doenças.
Pode-se também dizer que, quando o TDAH ocorre junto da depressão e da ansiedade, existe uma sobreposição de processos mentais, dificultando a função executiva. Por isso, o estudo mostra que, quanto mais altos forem os níveis de traços de TDAH, maior será a chance de esses indivíduos estarem sofrendo doenças mentais graves, o que não se mostrou verdadeiro na análise de participantes com traços autistas.
A partir das avaliações, os pesquisadores concluíram que há uma enorme escassez de pesquisas sobre o tópico, de maneira que o TEA e o TDAH têm sido erroneamente relacionados em muitos casos por falta de informação. Consequentemente, isso dificulta o tratamento correto das condições, especialmente do TDAH, que não é priorizado nas pesquisas.
Diante dessas circunstâncias, o estudo em questão contribuiu para abrir esse leque e permitir que análises mais profundas surjam, a fim de que mais diagnósticos corretos aconteçam. Isso vai permitir que, no futuro, pacientes tenham intervenções clínicas mais bem direcionadas.
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Fonte: forbes, Nature, Prolific, National Institute of Mental Health
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