Conheça a tecnologia que identifica vários patógenos de forma simultânea em cerca de uma hora
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Não é de hoje que o diagnóstico é um dos principais desafios da prática clínica, sobretudo quando se fala em detectar a origem de síndromes (conjuntos de sintomas e sinais associados a mais de uma causa). E é aí que o teste sindrômico pode oferecer um apoio importante. Saiba mais do assunto que foi tema de um painel com especialistas, promovido pelo Estadão Blue Studio.
Os testes sindrômicos são capazes de identificar simultaneamente os inúmeros patógenos envolvidos em uma síndrome. Além de otimizarem o diagnóstico, esses instrumentos são simples e rápidos, acelerando tratamentos.
Uma única amostra de material coletado do indivíduo por meio de swab é submetida a um painel capaz de identificar uma imensa gama de vírus, bactérias e fungos. No painel respiratório, por exemplo, são analisados 22 patógenos, incluindo o H1N1 e o coronavírus.
Os micro-organismos são detectados por biologia molecular, frente ligada à genética e à bioquímica que estuda as interações entre os vários sistemas da célula, analisando aspectos como material genético e a síntese proteica dos patógenos.
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Esse tipo de teste veio com o avanço da tecnologia no âmbito médico. Toda a análise do material coletado é feita por uma máquina — e com alto índice de precisão. A acurácia é de 99%, informou o diretor científico da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica e Medicina Laboratorial, Álvaro Pulchinelli, em entrevista ao Estadão Blue Studio.
“Tudo é feito em um dispositivo do tamanho de um videogame, em um processo totalmente automatizado”, explica o coordenador de serviço de líquor do laboratório clínico, o patologista Gustavo Bruniera, do Hospital Albert Einsten. “O operador coloca uma única amostra e o equipamento faz todo o processamento, dando o resultado em uma hora”.
Existem alguns gargalos na implementação desse tipo de teste. Primeiro porque nem sempre o exame é acessível para o paciente: no sistema público de saúde, por exemplo, há muitos que demandam semanas ou meses para serem agendados.
Além disso, quando são necessários vários deles para se chegar ao tratamento mais adequado ao indivíduo, a espera pode ser mais longa do que deveria. Muitos testes por si só tendem a ser demorados e podem adiar cuidados importantes.
Nessa aura de mistério, enquanto não se sabe o que o paciente tem, é comum que médicos receitem antibióticos para tentar amenizar quadros cuja causa ainda não se conhece. Isso é um perigo porque, como se sabe, o excesso desse tipo de medicamento pode aumentar a resistência do corpo a bactérias.
Cabe mencionar também que boa parte das infecções atendidas nos consultórios têm origem viral, ou seja, não são tratadas com antibióticos. Se os testes sindrômicos conseguirem ser acessíveis e rápidos, problemas como esse estarão resolvidos.
Quer saber mais? Assista aqui à opinião e explicação dos nossos parceiros especialistas em saúde.
Para se ter uma ideia do quanto os testes sindrômicos são úteis para a otimização de diagnósticos, basta olhar para a pneumonia, a infecção que mais mata no mundo. Enquanto os testes convencionais detectam 37% dos agentes infecciosos, o sindrômico não apenas identifica 60% deles, como também faz a diferenciação das bactérias e vírus.
Além dos ganhos para médicos e pacientes, os testes sindrômicos beneficiam também os sistemas de saúde, reduzindo o tempo de diagnóstico, o uso desnecessário de antibióticos e a proliferação de bactérias resistentes.
É por isso que os trâmites para implantar a ideia no Sistema Único de Saúde (SUS) e nos convênios médicos estão em andamento. Resta esperar para ver mais um avanço da ciência definindo os rumos de uma medicina mais justa e assertiva.