Estudo publicado em 2021 revela que a carne vermelha afeta o microbioma intestinal com efeitos severos no sistema cardiovascular
Publicidade
Conheça o maior e mais importante evento do setor de saúde do Brasil.
Você ama carne vermelha? Bom, provavelmente o seu coração não. Essa foi a conclusão de um estudo publicado em dezembro de 2021 na revista Nature Microbiology. Segundo os pesquisadores, o microbioma intestinal não recebe bem esse alimento, e sua resposta afeta o funcionamento cardiovascular.
Confira os detalhes da pesquisa e entenda de que forma a ingestão de carne vermelha impacta o metabolismo humano.
Pesquisadores da Universidade do Norte da Flórida chegaram à conclusão de que a carne vermelha é mesmo “adversária” da saúde do coração. A hipótese não é nova para a Ciência, mas pela primeira vez foi possível explicar em detalhes como isso ocorre.
Inicialmente, acreditava-se que a gordura saturada era a principal vilã da história, já que aumenta o colesterol ruim (LDL), mas isso mudou. Estudos recentes apontaram que isso seria insuficiente para justificar efeitos tão danosos ao órgão.
Segundo a pesquisadora Lauri Wright, que coordenou a pesquisa e é porta-voz da Academia de Nutrição e Dietética da universidade, os estudos clínicos conduzidos em 2019 apresentaram uma série de dados que comprovam a relação entre o metabolismo intestinal e o funcionamento cardiovascular.
Quer saber mais? Assista aqui a opinião e a explicação dos nossos parceiros especialistas em Saúde.
De acordo com os cientistas da Flórida, os consumidores de carne vermelha têm mais bactérias que metabolizam a carnitina, enzima que, por sua vez, estimula um metabólito chamado N-óxido de trimetilamina (TMAO). Nesse caso, a dieta alimenta o microbioma que afeta o coração.
O TMAO é importante para a produção de energia nas células, mas, quando atinge níveis muito elevados, pode comprometer a coagulação do sangue e entupir as artérias. É por isso que, além da gordura saturada, as bactérias intestinais podem produzir uma cascata de problemas no sistema cardiovascular.
O estudo também indicou que ovolactovegetarianos, vegetarianos e veganos têm um número reduzido da substância, razão pela qual têm menos risco de problemas relacionados ao coração. Além disso, pessoas que consomem muita carne vermelha também apresentaram uma diminuição no índice de TMAO após o controle na ingestão do alimento.
Essa não é a primeira vez que o microbioma desperta o interesse de especialistas. Já foi verificado que o sistema imunológico e a saúde cerebral também estão diretamente relacionados ao metabolismo do intestino.
Leia mais:
Infarto: risco é maior durante as festas de fim de ano
Insuficiência cardíaca causa metade dos internamentos nos hospitais
Doenças cardiovasculares em idosos despertam atenção
Embora o estudo da Universidade do Norte da Califórnia tenha descoberto novos determinantes para a saúde do coração, a conclusão segue no mesmo caminho do que outros estudos já apontavam: menos carne vermelha, mais carne branca e vegetais. Mas qual é o efeito prático disso no cuidado com a saúde?
Já existem exames de sangue capazes de detectar o nível de TMAO no organismo. Assim, com a confirmação de que esse é um elemento que afeta diretamente a saúde, médicos e nutricionistas podem adicionar esse elemento no rastreamento dos pacientes. Caso o resultado revele um nível elevado da substância, o profissional pode intervir de imediato na orientação da redução do consumo de carne vermelha.
Se churrasco não é a melhor forma de cultivar a saúde, o que então pode estar no prato? A aposta continua na dieta mediterrânea, segundo Stanley Hazen, que dirige o Centro de Microbioma e Saúde Humana da Clínica Cleveland.
A conclusão do cientista, que faz parte dos estudos sobre o microbioma, está amparada em uma série de ensaios clínicos que apontam o benefício da dieta na redução de derrames e doenças cardíaca.
Os principais alimentos dessa dieta são peixes, frutas, vegetais, legumes, azeite de oliva, nozes e castanhas. Esse conjunto nutritivo pode ser incluído no dia a dia de todas as pessoas. Isso vale tanto para o autocuidado como para as orientações profissionais.
Fonte: WebMD.