Especialistas se reuniram, a convite do Estadão, para falar sobre câncer, formas de prevenção e avanço em tratamentos contra a doença
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Na última terça-feira (7 de março) ocorreu o Meet Point do Estadão com o tema “Sem medo de falar sobre o câncer”. Os especialistas convidados foram Paulo Hoff, presidente da rede Oncologia D’Or, Elisângela Carvalho, radio-oncologista do Hospital São Rafael, e Maria Del Pilar Estevez Diz, oncologista associada da Clínica Onco Star.
A conversa teve início com um ponto crucial: explicar o que é câncer. Muitas pessoas acreditam se tratar de um termo que define uma única doença, mas, na verdade, o câncer é um conjunto de doenças que têm evolução similar. Trata-se de um tipo de condição em que as células são capazes de invadir tecidos e, então, apresentar crescimento e disseminação desordenados, de acordo com Hoff.
Esse descontrole é causado por alterações no código genético celular, as quais podem ocorrer por fatores distintos. Atualmente, especialistas apontam que cerca de 10% a 15% da causa dessas alterações é o fator hereditário, enquanto o restante se dá por exposição a fatores externos (vírus, radiação, químicos, entre outros) e por aleatoriedade, sem causa definida.
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Quando o câncer se instala no organismo, pode-se entender que o sistema imunológico falhou no momento da defesa, conforme explicou Hoff. No entanto, ele detalhou que há um momento prévio à doença, em que as células de defesa atuam reparando o DNA, mas que infelizmente esse sistema pode não ser suficiente.
Inclusive, por vezes, o organismo não consegue fazer esse reparo e eliminar as células danificadas justamente por ter herdado um fator genético com deficiência, não sendo eficaz para o combate da ameaça em questão. Assim, Hoff reforçou que a grande maioria das pessoas apresenta células malignas, mas o sistema de defesa consegue eliminá-las.
Ainda, a conversa passou por um fator importante e um questionamento comum: podemos nos prevenir contra essa doença maligna? A médica Diz deu a resposta ao explicar que, sim, temos mecanismos disponíveis para evitar o aparecimento e o diagnóstico tardio de câncer.
Embora não seja possível lutar contra a questão genética hereditária, ela explicou que aproximadamente 30% dos casos atuais de câncer poderiam ser evitados a partir da não exposição a fatores carcinógenos. Isso significa evitar fatores externos como cigarro e álcool, bem como garantir a proteção contra vírus (com vacinação), entre outros precedentes que podem potencializar as chances de erro genético e desenvolvimento de câncer.
Além disso, a especialista reforçou a importância de incluir hábitos saudáveis na rotina, uma vez que questões como sedentarismo e obesidade contribuem para mutações celulares. Portanto, uma alimentação saudável e a realização de exercícios físicos podem ser pontos cruciais para prevenir o aparecimento da doença não só na velhice, mas ao longo de toda a vida.
Infelizmente, mesmo sendo possível realizar a prevenção, muitas pessoas têm e ainda terão câncer, considerando que a estimativa é que essa doença se torne a principal causa de morte na próxima década. Ainda assim, as evoluções e os avanços nos tratamentos são constantes.
Nesse sentido, Carvalho explicou que, a partir do momento do diagnóstico, são criadas linhas de cuidado com uma rede de especialistas, a fim de entender qual é o melhor tratamento possível de acordo com o caso. Ainda, são usadas ferramentas de alta tecnologia que permitem análise molecular do câncer e biópsia completa dele.
Com esses mecanismos, é possível realizar um planejamento global e, na atualidade, pode-se até mesmo tratar lesões específicas usando métodos como a radiologia focal. Com isso, não é necessário atingir tecidos saudáveis durante a terapia, por exemplo. Em conformidade, Hoff e Diz destacaram outras abordagens para tratamentos, como a imunoterapia, que visa à ativação do sistema imunológico do paciente.
Ao fim do papo, ainda tratando das ações pós-diagnóstico, os especialistas reforçaram a importância dos cuidados paliativos, que objetivam dar maior bem-estar não só ao paciente como também à família. Os médicos defenderam a aplicação de cuidados a partir do momento do diagnóstico, a fim de oferecer suporte durante todo o período da doença.
Por fim, reforçaram que o câncer é sério, mas é preciso falar sobre ele e lidar com ele; afinal, avanços vêm ocorrendo, e há esperança de combate à doença, mesmo em casos mais graves.
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