A prática de mindfulness consiste no treinamento para a consciência do momento presente, ajudando na percepção das próprias emoções
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Provocados por motivos diversos, que podem estar relacionados a questões profissionais, financeiras, de relacionamentos etc., o estresse e a ansiedade estão entre os vilões da saúde física e mental na atualidade. A busca de equilíbrio e qualidade de vida representa um desafio, e práticas diversas vêm sendo cada vez mais estudadas e aplicadas. Uma delas é a meditação.
No final da década de 1970, o médico Jon Kabat-Zinn — professor emérito da Faculdade de Medicina da Universidade de Massachusetts (Estados Unidos) — criou o Programa de Redução do Estresse baseado em Mindfulness (MBSR), inspirado em técnicas meditativas orientais mas dissociado de conotação religiosa. A iniciativa foi pioneira no mundo no que se refere a protocolos de mindfulness, ajudando pessoas a lidar com estresse, dores, transtornos de ansiedade e depressão.
Também chamada de atenção plena, a técnica de mindfulness consiste no treinamento para a consciência do momento presente, ajudando na percepção das próprias emoções. O foco no agora, ou seja, a presença da mente no que se está fazendo, afastando preocupações futuras, lembranças passadas e distrações, colabora para o reconhecimento de sensações, ambientes e sentimentos quando estes surgem, mas sem os julgar.
A prática propicia o autoconhecimento, a concentração e a memória, reduz os efeitos de pensamentos negativos e, consequentemente, favorece escolhas diárias mais ponderadas. Além disso, amplia a capacidade emocional diante de situações difíceis e melhora a produtividade, diminuindo o estresse e a ansiedade.
Um estudo revisado por pares e publicado recentemente na revista científica JAMA Psychiatry comparou a eficácia da técnica mindfulness e a de medicamento antidepressivo para o tratamento de pessoas com transtorno de ansiedade.
Liderado por pesquisadores do Centro Médico da Universidade de Georgetown (EUA), o ensaio clínico randomizado avaliou 276 adultos diagnosticados por três centros médicos acadêmicos, dos quais 208 completaram o processo. O objetivo foi determinar se a redução do estresse usando mindfulness é menor do que por meio do tratamento com o psicofármaco escitalopram, da classe Inibidor Seletivo da Recaptação da Serotonina (ISRS).
Foram oito semanas de intervenções, nas quais 102 pacientes participaram do curso semanal de MBSR e 106 fizeram uso do escitalopram, com dosagem de 10 mg a 20 mg. A conclusão foi que a eficácia do primeiro é comparável à do medicamento de primeira linha.
Outras pesquisas vêm apontando que as técnicas de mindfulness são promissoras como tratamentos com base em evidências.
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A prática de mindfulness pode ser iniciada por períodos curtos, de um a cinco minutos, mais de uma vez por dia, e ampliada gradativamente. O ideal é procurar um lugar tranquilo e confortável.
O segundo passo é concentrar-se no corpo e na respiração, na inspiração e na expiração do ar, somente sentindo e com foco no fluxo. Essa concentração deve ser mantida por alguns minutos, sem distrações. Se não for possível, refaça esse movimento.
A prática pode ser feita a qualquer momento ou adotada em outras situações do dia a dia, como em uma caminhada, na qual a concentração deve se restringir apenas ao ambiente em volta, à natureza. Nessa jornada de autoconhecimento, especialistas podem colaborar.
O importante, como afirma o professor Jon Kabat-Zinn, é prestar toda a atenção somente ao momento, sem julgamentos.
Fontes: Unifesp, JAMA, Medley, Einstein, Pubmed