As fake news e os mitos relacionados à saúde nem sempre são inofensivos; são vários os possíveis impactos negativos
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Os mitos sobre a saúde circulam muito antes da existência da internet. No entanto, no mundo digital, a disseminação de fake news provoca um impacto negativo mais amplo. A desinformação pode abranger uma variedade grande de assuntos, desde supostas curas milagrosas para doenças graves até teorias conspiratórias sobre vacinas.
Para combater as informações imprecisas ou enganosas na área de saúde, é importante identificar fake news, verificando a credibilidade da fonte antes de compartilhar qualquer publicação. Desconfie de dados alarmantes ou sensacionalistas, especialmente daqueles não corroborados por outras fontes confiáveis.
Se uma postagem mencionar estudos científicos, confira se as referências estão corretas e se outros estudos respaldam as afirmações feitas. Muitas vezes, as fake news se baseiam em estudos isolados ou opiniões não endossadas pela comunidade científica. Em caso de dúvidas, deve-se buscar informações em fontes oficiais.
Observe o que diz a ciência sobre alguns mitos relacionados à saúde.
A crença popular nos diz que, após comer, é preciso aguardar um tempo antes de entrar na água. A recomendação tem um fundo científico, uma vez que, logo após uma refeição, o organismo prioriza a digestão. Qualquer atividade física intensa faz que os músculos demandem mais sangue, buscando suprirem-se de oxigênio, o que afeta o processo digestivo.
No entanto, a recomendação deve ser relativizada. Não é indicado realizar atividades físicas intensas imediatamente após as refeições, dentro ou fora da água. Por outro lado, no caso de alimentos leves e de fácil digestão, como sorvetes e frutas, por exemplo, não há problema em entrar na piscina e praticar movimentos leves e suaves.
O hábito de estalar os dedos está cercado de uma série de mitos. Alguns dizem que desgasta as articulações, engrossa as juntas e até pode provocar artrite. Ao longo de décadas, diversos estudos foram realizados para entender o que gera o barulho e se os estalos causam algum dano à saúde, mas nenhum problema foi encontrado.
O estalo é gerado pelo líquido sinovial, um fluido lubrificante que preenche os espaços entre as articulações. Com o movimento normal dos dedos, esse líquido acumula pequenas bolhas. Quando você puxa os dedos, as articulações se afastam, e as bolhas estouram, produzindo o som característico do estalo.
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As fake news sobre as vacinas são antigas, mas ganharam força com a pandemia de covid-19. Em um artigo publicado em 1998, um médico inglês apontou uma suposta relação entre a vacina tríplice e a condição nas crianças. No entanto, ficou provado que o autor da pesquisa manipulou os dados, o que resultou na cassação de sua licença médica.
Apesar disso, a desinformação ainda é muito difundida, e a queda da vacinação tem provocado a volta de doenças que estavam praticamente erradicadas. Nos últimos anos, alguns países, como o Brasil, passaram por surtos de sarampo, e o vírus que o causa continua circulando de forma endêmica.
O renomado cientista americano Linus Pauling era um entusiasta da vitamina C. Na década de 1970, ele insistiu que a substância poderia prevenir ou curar diversas doenças, desde gripe até câncer. Desde então, a vitamina C está associada, inclusive por propaganda de empresas farmacêuticas, à prevenção ou à cura de resfriados.
Embora a vitamina C seja importante para o sistema imunológico e o bom funcionamento do corpo, seus efeitos sobre as doenças respiratórias não são um consenso científico, e o consumo regular ainda pode trazer danos à saúde. O excesso de suplementos vitamínicos sem prescrição médica pode contribuir para o aparecimento de pedras nos rins.
Algumas pessoas acreditam que os alimentos preparados no micro-ondas podem causar perda nutricional ou até câncer, por conta da radiação. No entanto, o eletrodoméstico não trabalha com ondas eletromagnéticas, como o aparelho de rádio, e não oferece riscos à saúde, desde que usado corretamente.
Como em qualquer forma de cozimento, é possível que haja alguma perda de nutrientes durante o processo. Porém, o micro-ondas se destaca por preservá-los melhor, graças ao tempo de cozimento mais curto e à menor utilização de água, de acordo com um estudo publicado no periódico Journal of Food Science.
Fontes: Super Interessante, MD Saúde, Ministério da Saúde, Fisioterapia Lisboa, Instituto Butantan, Universidade de São Paulo (USP), Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS)