O que leva uma pessoa a desenvolver esquizofrenia?

25 de agosto de 2022 3 mins. de leitura
Cientistas japoneses encontraram anticorpos que combatem uma proteína relacionada ao desenvolvimento da esquizofrenia

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Quando saudável, nosso sistema imunológico identifica as células do próprio organismo e cria anticorpos apenas para atacar as invasoras, como bactérias ou vírus. Mas quem sofre de doenças autoimunes tem anticorpos que combatem o próprio corpo, e esse pode ser o caso da esquizofrenia, segundo um estudo japonês publicado recentemente.

Isso porque os pesquisadores da Tokyo Medical and Dental University (TMDU) encontraram um tipo de anticorpo em pacientes com esquizofrenia que combate a proteína da molécula de adesão celular neuronal 1 (NCAM1). Esta age no cérebro, auxiliando os neurônios na comunicação por sinapses.

Cientistas já tinham começado a pesquisar a proteína NCAM1; afinal, estudos anteriores apontaram que ela tem papel central no desenvolvimento de casos de esquizofrenia em muitos pacientes.

O comprometimento da comunicação entre as células do cérebro é um dos principais efeitos da esquizofrenia — doença que afeta o modo de agir, os pensamentos e até a percepção de realidade das pessoas acometidas por ela.

As esquizofrenia afeta diretamente o cérebro das pessoas acometidas — e pode ser uma doença autoimune (Fonte: Shutterstock)
A esquizofrenia afeta diretamente o cérebro das pessoas acometidas e pode ser uma doença autoimune. (Fonte: Shutterstock/Reprodução)

Um resultado impressionante

A pesquisa da TMDU contou com 400 participantes, sendo 200 sem sintomas, como grupo de controle, e 200 com esquizofrenia. Nesse segundo grupo, 12 pessoas apresentaram os autoanticorpos que atacavam a NCAM1.

A princípio, parecia uma pequena correlação em um número reduzido de casos. Isso “sugeria que anticorpos podem estar associados à doença em apenas um pequeno subconjunto de casos”, contou Hiroki Shiwaku, autor principal do estudo.

Porém, os cientistas não pararam nisso e aprofundaram o estudo com ratos. Os autoanticorpos encontrados nos 12 pacientes foram isolados e injetados nos animais. “Os resultados foram impressionantes”, resumiu o coautor Hidehiko Takahashi.

Em pouco tempo após a injeção, os ratos já começaram a apresentar mudanças no comportamento — semelhantes a de humanos com esquizofrenia.

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Ratos que receberam os autoanticorpos dos pacientes começaram a apresentar sintomas de esquizofrenia (Fonte: Shutterstock)
Ratos que receberam os autoanticorpos dos pacientes começaram a apresentar sintomas de esquizofrenia. (Fonte: Shutterstock/Reprodução)

Uma descoberta animadora

Entre os sintomas encontrados nos ratos, estão o comprometimento cognitivo e os reflexos desregulados — comuns a animais acometidos pela doença.

Além disso, os pesquisadores observaram menos sinapses e espinhas dendríticas — estruturas essenciais para a conexão entre as células do cérebro e que estão entre as mais atingidas em quadros de esquizofrenia. A correlação, então, tornou-se muito mais clara.

Isso porque, por mais que os autoanticorpos estejam ligados apenas a um grupo específico, a descoberta pode facilitar o diagnóstico e o tratamento de muitos casos de esquizofrenia.

Uma vez que essa é uma doença que se manifesta de diversas formas e costuma ser resistente aos tratamentos, compreender melhor uma de suas possíveis causas é um avanço.

Quer saber mais? Assista aqui à opinião de nossos parceiros especialistas em Saúde.

Fonte: Science Daily

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