Pesquisa indica piora na saúde mental e física de profissionais de Saúde da rede pública municipal de São Paulo
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A pandemia impactou significativamente a saúde mental dos profissionais do Sistema Único de Saúde (SUS) no município de São Paulo, de acordo com um estudo realizado pelo Instituto Qualisa de Gestão (IQG). Quase 80% dos entrevistados relataram viver uma situação grave que os fez pensar em deixar o emprego nos últimos 12 meses.
A pesquisa envolveu 1.561 profissionais de Saúde da rede pública paulistana, como Unidade Básica de Saúde (UBS), Assistência Médica Ambulatorial (AMA), Unidade de Pronto Atendimento (UPA) e hospitais.
O estudo foi validado pela Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo (SMS/SP) e contou com a participação de agentes comunitários de saúde, médicos, enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem, além de dentistas, assistentes sociais, psicólogos e fisioterapeutas.
Os quadros de sobrecarga mental e a sensação de fadiga foram notados em 93,3% entre os entrevistados ao longo de 2021. De acordo com a pesquisa Segunda Vítima, 92,2% disseram que o estresse do trabalho está relacionado à irregularidade do sono e apetite, a enjoos e a náuseas.
Os sentimentos de “inadequação nas suas habilidades de atendimento” foram experimentados por 67,8%. Após as experiências negativas, 67,9% disseram que sentiram a necessidade de tirar um dia para descanso, e 68,5% sentem medo de repetir procedimentos de alto risco após experiências ruins.
A busca de suporte emocional entre os colegas gera uma sensação de alívio para 62,6% dos entrevistados. Apesar disso, 85,7% buscam o apoio entre amigos e familiares, e cerca de 60% sugeriram um “programa de aconselhamento gratuito a funcionários fora do expediente”.
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A expressão “segunda vítima” surgiu para caracterizar o sofrimento do médico diante de um erro grave. O termo também é aplicado para todos os profissionais de Saúde e cuidadores envolvidos em qualquer evento imprevisto que afete adversamente o paciente, mesmo que não seja decorrente de uma falha.
Geralmente, a segunda vítima se sente responsável pelo resultado inesperado do paciente e carrega um sentimento de culpa por considerarem que suas habilidades clínicas ou base de conhecimento foram insuficientes.
O fenômeno é causado pela falta de apoio ou orientação aos cuidadores na maioria dos serviços de saúde, em situações que têm um desfecho clínico terrível e imprevisto, muitas vezes resultando em absenteísmo, qualidade e segurança no atendimento.
Em casos extremos, a segunda vítima pode experimentar síndrome de burnout, depressão, exaustão emocional e sentimento de baixa realização pessoal, com a sensação de incompetência profissional e insegurança.
As organizações precisam enfrentar o fenômeno entre seus profissionais de forma institucional. Após o momento de crise, o apoio à segunda vítima é fundamental para a reconstrução do ambiente de trabalho. Os eventos precisam ser tratados de forma sistêmica, observando os múltiplos defeitos e vários níveis de falhas.
Uma pesquisa realizada pela University of Missouri Sinclair School of Nursing, em Columbia (Estados Unidos), aponta que as segundas vítimas desenvolveram habilidades de enfrentamento individualizadas, mas que se resume a uma trajetória dividida em seis estágios.
Em um primeiro momento, são experimentados momentos de caos em resposta ao incidente, seguido por pensamentos indesejáveis. A segunda vítima busca restaurar a integridade pessoal, mas resiste tocar no assunto. A situação muda após a obtenção de apoio emocional que ajuda o paciente a seguir em frente, superando a situação ou até abandonando a profissão.
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Fonte: Instituto Qualisa de Gestão (IQG), Agência de Pesquisa e Qualidade em Saúde dos Estados Unidos (AHRQ).