Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), braço da OMS, incluiu o “envelhecimento” na nova Classificação Internacional de Doenças (CID)
Publicidade
Conheça o maior e mais importante evento do setor de saúde do Brasil.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) tem como uma de suas atribuições a atualização da Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde (CID) — manual utilizado pelos profissionais da saúde para determinar condições e propor tratamentos médicos.
A novidade, que dividiu a opinião de especialistas é que, em sua próxima edição, que será lançada em 2022, a entidade decidiu incluir o envelhecimento como uma doença.
Segundo a entidade, a razão para incluir a condição como doença é a possibilidade de reconhecimento da causa em certidões de óbitos. O príncipe Philip, membro da realeza britânica, por exemplo, morreu aos 99 anos e o atestado de óbito constava morte por idade avançada. Nesse sentido, seria uma maneira de formalizar situações como essa em que não há outra causa da morte, apenas a velhice.
Contudo, vale ressaltar que essas alterações sempre são acompanhadas de pressão de entidades. Na inclusão do envelhecimento como doença, há interesse de empresas como a Biogerontology Research Foundation e International Longevity Alliance, pois elas poderão ter acesso a financiamentos para realização de pesquisas.
Afinal, os recursos são disponibilizados para a cura de doenças e ao ser enquadrada como enfermidade, os estudos entram na mira das farmacêuticas.
À primeira vista, é possível considerar que a mudança é positiva, pois fomenta os estudos sobre o envelhecimento. Contudo, há um grande efeito social na mudança. Nesse raciocínio, quando o CID for atualizado, o Brasil terá 33 milhões de pessoas acometidas por essa enfermidade. A alteração também poderia reforçar estereótipos negativos, associando pessoas mais velhas a pessoas doentes.
Do ponto de vista da saúde pública, a alteração é ainda mais grave. Como não há clareza nos métodos para enquadrar a nova doença, um profissional poderia identificar um paciente com velhice, sendo que ele poderia estar desenvolvendo demência ou Alzheimer.
Isso poderia mascarar diagnósticos, atrasar tratamentos, afetar as definições de políticas públicas e estigmatizar os mais velhos. Outro ponto que não fica claro pela organização é o enquadramento do envelhecimento em cada contexto. Cada país reconhece a velhice em uma idade e isso poderia ter impacto em decisões trabalhistas e aposentadoria.
A organização defende que a inclusão desse código não significa que a fase natural da vida deve ser considerada uma doença ou que vai requerer prevenção ou tratamento. A intenção é reconhecer, por meio da CID, que as pessoas podem morrer por essa causa.
Fonte: Agência Brasil, Medicina S/A.