Demência acontece principalmente em pessoas mais velhas, afetando a memória e outras funções cerebrais
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Pessoas com dificuldade de adormecer em 30 minutos após se deitar (insônia inicial) e que usam medicamentos para dormir são mais propensas a desenvolver demência, com a qual o ator Bruce Willis foi diagnosticado recentemente. A conclusão está em um estudo publicado no American Journal of Preventive Medicine, em janeiro.
A pesquisa tinha o objetivo de analisar a relação entre os distúrbios do sono e o risco de demência a longo prazo, tendo se baseado em investigações anteriores que associavam o comportamento do sono com o movimento rápido dos olhos (REM), o uso de medicamentos para dormir e a privação de sono ao declínio cognitivo.
No trabalho, foram analisados dados de americanos com 65 anos ou mais, registrados entre 2011 e 2020 no Estudo Nacional de Tendências de Saúde e Envelhecimento (NHATS). As pessoas não apresentavam sinais da doença no início da coleta das informações.
Além de encontrarem novas evidências da relação entre insônia inicial, benzodiazepínicos de ação curta e deterioração das funções cognitivas, os pesquisadores fizeram outra descoberta surpreendente. Conforme o artigo, a dificuldade de voltar a dormir após acordar (insônia de manutenção) está relacionada a um menor risco de demência.
Conforme o estudo, a disfunção cerebral é associada principalmente à ausência do sono profundo, mais difícil de alcançar à medida que a idade avança. Nesse estágio, as ondas cerebrais ficam mais lentas, os músculos relaxam, os batimentos cardíacos e a respiração se acalmam.
Quando a etapa é atingida, o sistema glinfático entra em ação. Descoberto em 2012 pela neurocientista Maiken Nedergaard, ele faz a limpeza do cérebro durante o sono, eliminando resíduos como a beta-amiloide, proteína tóxica ligada ao Alzheimer, e a proteína tau, relacionada à doença de Parkinson e a convulsões.
A “limpeza do cérebro” não é a única ação importante durante a fase de sono profundo. Nela também é liberado o hormônio do crescimento, que ajuda a reparar ossos, músculos e células imunológicas, além de ser um estágio essencial para a regulação dos níveis de glicemia e a consolidação da memória e da criatividade.
Diante da importância dessa fase do sono para evitar demência e outras condições cerebrais, cientistas têm tentado desenvolver novos métodos para que ela possa ser alcançada mais facilmente por idosos. Com isso, também seria possível aproveitar a eficácia do sistema glinfático por mais tempo.
Enquanto a ciência busca formas de facilitar o alcance do sono profundo em idades avançadas, medidas simples podem ajudar a ter uma boa noite de sono, mantendo o cérebro fresco e limpo. Evitar consumir café e álcool antes de ir para a cama são algumas delas, assim como não fazer exercícios físicos nem manusear dispositivos eletrônicos.
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Outro cuidado é manter o quarto o mais escuro possível. É bom evitar até mesmo as luzes de aparelhos como TVs, decodificadores e modens, pois elas podem interferir na qualidade do sono.
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Fonte: The Guardian, ScienceDaily, American Journal of Preventive Medicine