A malária é uma doença parasitária infecciosa, febril e potencialmente grave
Publicidade
Um estudo realizado por pesquisadores da Universidade de Oxford (Inglaterra) apresentou dados promissores em relação a uma nova vacina contra a malária. Os resultados preliminares mostraram que o novo imunizante, testado em quatro países africanos, tem boas chances de se tornar uma ferramenta no controle dessa doença potencialmente fatal.
A vacina, chamada R21/Matrix-M, já havia sido testada em um pequeno grupo; agora, a nova amostragem permitiu que os pesquisadores constatassem resultados em larga escala, além de terem em mãos um teste mais rígido para entender o grau de proteção da imunização.
Os dados foram divulgados em novembro de 2022 em uma reunião da Sociedade Americana de Medicina Tropical e Higiene, realizada em Seattle (EUA). Nos testes, a vacina apresentou eficácia superior a 70% em regiões em que a malária é uma ameaça constante.
Nas localidades em que a doença é sazonal, os números foram os mesmos, porém vale destacar que os responsáveis pela pesquisa e outros cientistas advertem que ainda não está claro quanto tempo a proteção da vacina dura nesse nível, sendo necessárias mais análises.
A R21/Matrix-M, assim como a RTS,S/AS01 (nome comercial Mosquirix), imunizante conhecido e recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) contra a malária, contém uma proteína da superfície do estágio sanguíneo do Plasmodium, espécie do parasita que causa e propaga a doença. No entanto, apenas essa proteína não é o suficiente para gerar a proteção, por isso acoplado a ela está o vírus da hepatite B e um agente imunológico adjuvante para reforço.
Nos testes, os pesquisadores administraram três doses em cada participante do estudo em intervalos de quatro semanas. Isso forneceu a 450 crianças de Burkina Faso (África) mais de 70% de eficácia na proteção contra a malária após um ano.
A vacina foi aplicada no início da estação chuvosa, período em que ocorrem quase todos os casos de malária registrados no continente. Passado esse tempo, a equipe de pesquisa relatou que as crianças receberam uma dose de reforço, novamente no início da estação chuvosa. Dessa forma, a proteção foi mantida pelo segundo ano. No entanto, ainda não há dados que evidenciem que a proteção do imunizante é capaz de se manter sem que haja a dose de reforço.
Para mais análises, os pesquisadores aguardam os resultados de um estudo ainda maior, realizado com 4,8 mil crianças de cinco localidades entre Burkina Faso, Mali, Quênia e Tanzânia, cada uma com padrões diferentes de exposição à malária.
Dados provisórios mostram que o nível de proteção do imunizante parece se manter em cerca de 70% nessa amostragem, mas o tempo de permanência e a necessidade de doses de reforço (e o possível tempo de intervalo entre elas) ainda são questões que precisam ser avaliadas.
A complexidade dos protozoários causadores da malária dificulta o desenvolvimento de vacinas e remédios porque, a cada ciclo de vida, o Plasmodium adquire novas formas e pode ficar em estágio dormente por meses ou anos no fígado do hospedeiro humano, sendo inclusive transmissível de mãe para filho.
Essa mutação ocorre tanto no fígado humano quanto no sangue ou no organismo dos mosquitos que transmitem a doença, o que dificulta prevenir e tratar a condição. No entanto, vale dizer que existe uma vacina contra a malária que tem o uso autorizado pela OMS. Trata-se da RTS,S/AS01 (Mosquirix), que oferece proteção parcial contra a doença, com eficácia de cerca de 35% após quatro anos.
Leia também:
Embora o imunizante esteja disponível, ele não é útil no Brasil, uma vez que o agente causador da maioria das infecções registradas no País é o Plasmodium vivax. Esse protozoário não é combatido pela vacina Mosquirix porque ela age especificamente contra os esporozoítos do Plasmodium falciparum, que é a primeira forma do parasita ao entrar em contato com o corpo humano.
Fonte: Oxford University, Science