Compostos também otimizam efeitos de medicamento usado no tratamento de glioblastoma
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Compostos com capacidade de inibir a proliferação de tumores cerebrais como o glioblastoma, um dos tipos mais agressivos e comuns, foram identificados por pesquisadores da Universidade de Uppsala, na Suécia. A descoberta, publicada na revista Scientific Reports em dezembro passado, pode ajudar a aprimorar o tratamento.
Durante um teste in vitro para avaliar 12 compostos gerados a partir da síntese do cloridrato de apomorfina (APO), as substâncias A5 (derivado de isoquinolina) e C1 (derivado de aporfina) chamaram a atenção dos cientistas. Elas se destacaram após demonstrarem eficácia no combate às células do glioblastoma.
Os dois compostos também apresentaram capacidade de impedir a formação de novas células tumorais, bloqueando o processo necessário para o desenvolvimento do câncer. Além disso, potencializaram os efeitos da temozolomida, principal medicamento utilizado para o tratamento da doença, de acordo com o artigo.
A temozolomida é um dos poucos remédios capazes de inibir o crescimento desajustado das células gliais, que formam o tecido do cérebro e levam ao desenvolvimento do tumor maligno responsável por 15% dos casos de câncer cerebral. Altamente resistentes, elas podem voltar a crescer após a remoção cirúrgica, aumentando os riscos para o paciente.
Essa não foi a primeira vez que A5 e C1 se mostraram capazes de inibir a formação de tumores cerebrais. Elas foram avaliadas em um teste anterior para verificar a eficácia de 14 compostos em células de câncer epidermoide de cabeça e pescoço, projeto apoiado pelo Departamento de Ciências Biológicas da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
Com os resultados daquela investigação, os autores resolveram realizar uma nova testagem, agora com outro tipo de tumor, o que também terminou de maneira satisfatória. No entanto, os envolvidos no estudo ressaltam a necessidade de realizar mais testes antes de utilizar os compostos no tratamento do glioblastoma.
“Mais estudos são necessários para melhor caracterizar a ação em células tumorais e normais, mas os resultados obtidos sugerem potencial aplicação terapêutica desses compostos como novos agentes citotóxicos úteis no controle dos glioblastomas”, afirmou o pesquisador Dorival Mendes Rodrigues Júnior, da universidade sueca, que é um dos coautores do estudo.
Também participante da pesquisa, o cientista da Unifesp André Vettore explicou que a eficácia das substâncias A5 e C1 no controle das células de glioblastoma precisa passar por testes in vivo e, posteriormente, por estudos clínicos. “Satisfazendo todas as etapas, esses compostos poderão ser, por fim, úteis no tratamento de pacientes”, declarou ele.
Desenvolvidos a partir do crescimento anormal de células em alguma área interna do crânio, durante qualquer fase da vida, os tumores no cérebro podem ser benignos, de crescimento lento, ou malignos, que crescem mais rápido. Ambos têm chances de gerar problemas.
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Entre os principais tipos estão os gliomas, nos quais se enquadram glioblastoma, meningioma, meduloblastoma, Schwannomas, tumor de hipófise e craniofaringioma, classificados como primários. Há ainda os tumores cerebrais secundários, caracterizados pelo comportamento mais agressivo.
Fonte: Agência FAPESP, Instituto Funcionalitá, Scientific Reports