Novo exame identifica pequenos tumores por ressonância magnética

22 de junho de 2020 5 mins. de leitura
Pesquisadores desenvolvem técnica não invasiva capaz encontrar casos de câncer com a utilização de sondas químicas
Pesquisadores da Universidade da Califórnia (UC) em Davis, nos Estados Unidos, deram um passo importante para a criação de técnicas não invasivas de detecção de tumores. O trabalho publicado na revista científica Nature Nanotechnology discorre sobre o uso de exames de imagem por ressonância magnética (RM) na identificação de pequenas massas cancerígenas. De acordo com os dados fornecidos pelos estudiosos, duas sondas químicas são usadas para produzir um sinal identificado pela máquina de RM. As moléculas químicas percorrem o organismo em busca de vestígios de tumor, refletindo os resultados nos exames de imagem. O estudo foi liderado pelo professor de Bioquímica e Medicina Molecular, Yuanpei Li, que em seu artigo descreve os avanços conquistados pela UC Davis como significativos para o combate ao câncer. A chamada Técnica de Contraste Duplo por Ressonância Magnética (TMRET, em inglês) utiliza meios não invasivos para acelerar a procura por tumores. A identificação precoce de células cancerígenas no corpo é uma das principais etapas para prevenir que a doença atinja um nível mais avançado, facilitando o processo de cura.

O uso de nanocomponentes magnéticos

Nova técnica aumentaria o potencial de detecção por imagem em até cinco vezes. (Fonte: Shutterstock)
O processo de sonda química desenvolvido pela equipe da UC Davis é composto por duas nanopartículas de dois elementos: o superparamagnético óxido de ferro (SPIO) e o feoforbídeo paramagnético manganês (P-Mn). Ambas são agrupadas em um envelope lipídico antes de entrarem em ação. Quando colocadas em contato, as moléculas deixam de transmitir qualquer sinal para a máquina de RM. O fato de as duas partículas necessitarem de distanciamento para emitirem vibrações químicas para o exame é justamente o que torna esse método capaz de identificar os tumores. Ao encontrar um tecido corrompido com uma massa tumoral, o envelope de gordura que envolve SPIO e P-Mn se quebra, criando uma separação entre os elementos. Nesse momento, as duas partículas passam a emitir sinais para o equipamento, possibilitando a localização do tumor. O projeto contou com a participação do departamento de Física da UC Davis, composta pelos professores Kai Liu e Nicholas Curro. Os físicos colaboraram para o aprimoramento do mecanismo utilizado pelo TMRET.

Experimentos em laboratório

Antes da publicação do artigo, os pesquisadores realizaram uma bateria de testes com culturas de células cancerígenas localizadas no cérebro e na próstata e, posteriormente, experimentaram o exame em ratos de laboratório. O sucesso nessa fase fez com que a equipe ficasse satisfeita com o desempenho alcançado. A nova técnica utilizando exames de imagem por RM foi capaz de distinguir o sinal de um tecido tumoral e o de um tecido regular em uma escala cinco vezes maior do que os métodos já existentes. Para a próxima etapa, Li e os pesquisadores pretendem levar as descobertas no campo científico para o uso clínico. Para que isso possa se tornar realidade, ainda é necessário testar toxicologicamente os efeitos dos elementos químicos no corpo humano, para poder aumentar a escala de produção do método.

Câncer no Brasil

Câncer de próstata está entre os tipos mais comuns da doença no Brasil. (Fonte: Shutterstock)
Durante a cerimônia do Dia Mundial do Câncer, em fevereiro, o Instituto Nacional de Câncer (Inca) anunciou estimativas para novos casos da doença no Brasil para o triênio 2020-2022. O grupo prevê 625 mil novos casos da doença para cada ano e aponta os altos índices de incidência de câncer de pele (177 mil) e de mama e próstata (66 mil cada). O câncer de próstata é o segundo tipo mais comum entre os homens, perdendo apenas para o câncer de pele não melanoma. Sendo que 75% dos casos ocorrem em indivíduos com mais de 65 anos de idade. Além de o crescimento do tumor obstruir o sistema urinário masculino, as células cancerígenas podem atingir outros órgãos e, consequentemente, levar o indivíduo a óbito. Por ser um tumor com crescimento silencioso, é preciso estar atento para os seguintes sintomas:
  • dificuldade para urinar;
  • diminuição do fluxo da urina;
  • necessidade recorrente de urinar;
  • presença de sangue na urina.
O câncer de próstata pode ser diagnosticado através de testes clínicos, laboratoriais ou radiológicos. Entre os mais reconhecidos na área estão o toque retal e o exame de sangue, que avalia a dosagem do antígeno prostático específico (PSA). Interessou-se pelo assunto? Conheça o Summit Saúde, um evento que reúne as maiores autoridades do Brasil nas áreas médica e hospitalar. Acompanhe as notícias mais relevantes do setor pelo blog. Para saber mais, é só clicar aqui. Fontes: Science Daily, UC Davis e INCA.
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