Portugal testa vacina comestível contra a covid-19

30 de dezembro de 2021 4 mins. de leitura
A novidade estimula a imunidade celular, reforçando o combate ao Sars-CoV-2

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Pesquisadores do Instituto Politécnico do Porto (IPP), em Portugal, desenvolveram um imunizante inovador para combater a covid-19, capaz de atender às pessoas que têm medo de agulha ou alguma dificuldade para utilizar o produto convencional. Trata-se de uma vacina comestível, que pode ser consumida em forma de iogurte ou suco.

De acordo com o líder do Laboratório de Biotecnologia Médica e Industrial (LaBMI) do Porto Research, Technology & Innovation Center (Portic) do Politécnico do Porto, Rúben Fernandes, esse imunizante é feito à base de plantas ou probióticos geneticamente modificados. O objetivo é fortalecer a imunidade celular, aumentando a proteção contra a doença que matou mais de 5 milhões de pessoas em todo o mundo até o momento.

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Além da facilidade de uso, oferecendo a possibilidade de escolher o formato preferido de consumo, o produto chegaria muito mais rápido à população, como explicou o especialista à Agência de Notícias de Portugal (Lusa). Para uma distribuição mais veloz, a instituição precisaria de financiamento.

Probióticos em laboratórios usados para a produção da vacina comestível. (Fonte: LaBMI/IPP/Divulgação)
Probióticos em laboratório usados para a produção da imunização comestível. (Fonte: LaBMI/IPP/Divulgação)

O projeto, desenvolvido por pesquisadores da Unidade de Fitopatologia e Biotecnologia Vegetal do LaBMI, foi iniciado nos primeiros momentos da pandemia do novo coronavírus e teve avanço significativo nos últimos seis meses. O produto ainda está em etapa de ensaios in vitro, e o próximo passo envolve testes em animais, incluindo ratos, peixes e uma espécie de minhoca.

Como funciona?

Ao contrário das opções injetáveis usadas no combate à pandemia neste momento, que estimulam a neutralização do Sars-CoV-2 com a produção de anticorpos (imunidade humoral), a nova fórmula em desenvolvimento estimula a imunidade celular.

“Ambos são produtos preventivos, mas nesse caso a vacina, vou dizer convencional, neutraliza uma infecção, e as comestíveis têm a propriedade de poderem potencializar outras comuns”, explicou Fernandes. Ou seja, a versão inovadora pode ser utilizada em conjunto com as injeções.

Produto pode tornar a proteção contra o coronavírus ainda mais acessível. (Fonte: Shutterstock/Reprodução)
Produto pode tornar a proteção contra o coronavírus ainda mais acessível. (Fonte: Shutterstock/Reprodução)

O biólogo explicou que ao final do estudo o projeto precisará de parceria com grandes indústrias para aumentar a distribuição, fazendo o produto ser levado ao consumidor final. No momento, a pesquisa tem sido desenvolvida com recursos próprios da instituição.

Quando chegar a essa etapa, o laboratório vai estar pronto para oferecer aos parceiros diferentes opções da fórmula comestível. “Será a indústria que decidirá qual tipo de produto vai querer”, ressaltou o pesquisador português.

Quando vai estar disponível?

Além de no combate à enfermidade causada pelo Sars-CoV-2, o produto poderá ser utilizado contra várias outras doenças infecciosas. No momento, o foco é a covid-19, mas não estão descartadas as pesquisas relacionadas a outras patologias, de acordo com os cientistas responsáveis pelo projeto.

Em relação à disponibilidade, ainda não há uma data específica para o lançamento, pois os pesquisadores precisam finalizar o estudo em andamento e analisar os resultados. Se os testes forem bem-sucedidos, o chefe da equipe acredita que a opção produzida com os probióticos estaria pronta para ser lançada de seis meses a um ano após o término do ensaio.

No caso da opção em forma de suco, o prazo seria muito maior, segundo Fernandes, uma vez que o processo depende do cultivo de plantas e da produção dos frutos. Depois disso, eles vão poder ser transformados na bebida imunizante passando pelo processo em laboratório.

Fonte: IPP, Lusa. 

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