O diagnóstico baseado em PCR para Sars-CoV-2, um dos mais usados na atualidade, pode apresentar falso negativo em mais de 1 a cada 5 casos
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Para avançar no combate ao coronavírus, é imprescindível que as autoridades realizem testes para detectar a doença. No entanto, de acordo com uma pesquisa da equipe da Johns Hopkins Medicine, os testes baseados em PCR para Sars-CoV-2 apresentam uma taxa de falso negativo de pelo menos 20% – percentual que pode variar dependendo do tempo em que o teste foi realizado.
Isso significa que pelo menos 1 a cada 5 testes para covid-19 podem falhar. Embora a constatação pareça muito preocupante, a equipe por trás da pesquisa destaca que é possível minimizar significativamente os riscos de errar no diagnóstico realizando o teste no período correto.
A maioria dos testes para o novo coronavírus envolve a retirada de material genético a partir de um cotonete usado na parte posterior do nariz ou da garganta. Esse material é levado para análise por meio de um procedimento laboratorial chamado de reação em cadeia da transcriptase reversa polimerase (RT-PCR).
O procedimento converte o RNA, material genético do vírus, em DNA antes de amplificá-lo para análise. Esse trabalho permite a detecção de material genético específico do vírus Sars-CoV-2, possibilitando a confirmação do diagnóstico da doença associada, a covid-19.
Desde o início do surto de coronavírus, o RT-PCR tem sido o método rotineiramente utilizado como ferramenta de diagnóstico. Entretanto, de acordo com a pesquisa da equipe médica do Johns Hopkins Medicine, a precisão técnica na detecção de Sars-CoV-2 não é clara – especialmente dependendo do tempo de infecção.
Os pesquisadores desse estudo analisaram a literatura acerca do tema. Nessa análise, foram incluídas as pesquisas que utilizaram um teste baseado em RT-PCR para detectar Sars-CoV-2 em amostras coletadas do trato respiratório superior e que também relataram o tempo desde o início dos sintomas ou da exposição ao vírus.
A conclusão é de que a probabilidade de um resultado falso negativo varia dependendo do tempo desde a infecção. Logo após contrair a doença, parece que o vírus não é detectável pelo método utilizado. No primeiro dia após a infecção, a probabilidade de falta de diagnóstico – ou seja, um falso negativo – é de 100%.
No quarto dia após a exposição ao vírus, a probabilidade de imprecisão no diagnóstico é reduzida para 67%. Já no oitavo dia, esse percentual diminui para 20%, começando a aumentar novamente após esse período. Após três semanas de exposição, a chance de um resultado falso negativo pode chegar a 66%.
Diante desses resultados, a equipe médica recomenda que o momento ideal para o teste aconteça oito dias após a exposição. Esse período equivale a aproximadamente três dias depois do início dos sintomas, momento em que a chance de um falso negativo é a menor possível.
Embora as conclusões apresentadas pareçam desanimadoras, já houve muita discussão acerca da precisão dos testes utilizados para detectar o novo coronavírus. Alguns fabricantes até retiraram os seus métodos de diagnóstico de circulação com medo dos falsos negativos.
Apesar disso, os autores da pesquisa alertam que o estudo possui limitações. A principal delas é o fato de que os testes avaliados possuíam desenhos diferentes, o que poderia conduzir a resultados não esperados. Portanto, eles concordam que ainda são necessários mais estudos para caracterizar com precisão o desempenho dos testes de RT-PCR para Sars-CoV-2 e identificar as melhores abordagens para diagnóstico dessa doença.
Enquanto isso não acontece, recomenda-se precaução ainda maior ao lidar com a covid-19. Uma avaliação mais precisa sobre a remoção de equipamentos de proteção individual (EPI), afrouxamento ou encerramento da quarentena, bem como o retorno de profissionais da Saúde aos seus postos de trabalho devem ser decisões tomadas com cautela, alertam os autores do estudo.
Fontes: ScienceDaily e ACP Journals.