Tratamento com células T pode reduzir tumor no ovário, diz estudo

28 de abril de 2023 4 mins. de leitura
Linfócitos geneticamente modificados para atacar células cancerígenas podem ser a maior arma da humanidade contra a doença no futuro

O câncer é uma das doenças que mais matam pessoas no Brasil e no restante do mundo. Há séculos a humanidade busca formas de tratar e prevenir esse mal, que mata mais de 200 mil brasileiros por ano.

Porém, várias pesquisas têm mostrado formas eficazes de combater tumores malignos, o que pode contribuir significativamente para a sobrevida de pacientes e a queda da taxa de mortalidade.

Um dos procedimentos mais promissores usa células T alteradas geneticamente com o receptor de antígeno quimérico (conhecido em inglês pela sigla CAR T), para fazer com que o corpo seja capaz de combater as células cancerígenas por conta própria.

Um estudo recente mostrou que esse tratamento conseguiu reduzir de modo expressivo o câncer de ovários em camundongos. O processo ainda é inicial, mas pode ser o começo de um grande avanço no combate à doença.

Como funciona a CAR T?

As células T, também conhecidas como linfócitos T, são um tipo de organização celular importante no sistema imunológico. Elas são produzidas na medula óssea e atuam no combate a vírus e outras patologias que possam causar problemas no corpo.

Essa atuação ocorre por meio da produção de citocinas ou da eliminação ativa de células infectadas.

O tratamento CAR T usa a capacidade de combate dos linfócitos T para excluir as células cancerígenas. Essas células são extraídas do sangue e alteradas geneticamente de forma que possam combater o tumor.

Tratamento CAR T permite que células de defesa do corpo geneticamente modificadas combatam tumores
Tratamento CAR T permite que células de defesa geneticamente modificadas combatam tumores. (Fonte: Getty Images/Reprodução)

A introdução do receptor de antígeno quimérico permite que a célula seja programada para buscar uma proteína específica no corpo. Com isso, os linfócitos T, que antes não tinham a capacidade de identificar as células cancerígenas como uma ameaça, passam a ter a função de encontrá-las e combatê-las.

Esse tratamento já é usado há algum tempo, porém só demonstrava resultados em “tumores líquidos”, ou seja, tumores que circulam pelo sangue, como é o caso da leucemia. Porém, o novo estudo publicado no The Journal for ImmunoTherapy of Cancer muda essa perspectiva.

Isso, porque pesquisas realizadas com camundongos mostraram que o tratamento CAR T foi capaz de reduzir tumores sólidos, mais especificamente nos ovários. Isso é bastante relevante, já que os tumores sólidos correspondem a mais de 90% do total de casos de câncer em adultos no mundo.

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Câncer de ovário no Brasil

O câncer de ovário ficou em oitavo lugar no ranking de incidência de tumores malignos entre mulheres no último ano. Apesar de não ser tão comum quanto os cânceres de mama, cólon e colo de útero, a quantidade de pacientes afetados pela doença foi bastante significativa em 2022, superando a casa dos 7 mil, ou 3% do número total.

Câncer de ovário pode ser bastante perigoso para mulheres
Câncer de ovário pode ser bastante perigoso. (Fonte: Getty Images/Reprodução)

Alguns estudos demonstram que a mortalidade desse tipo de câncer é bem alta, chegando a 70%. Um dos motivos para isso é o fato de o tumor nos ovários não apresentar tantos sintomas quanto outros tipos. Por isso, é importante que mulheres se consultem regularmente com um ginecologista.

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Fonte: Fiocruz, INCA, BMJ, Forbes, Olhar Digital

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