Introdução do mosquito Aedes Albopictus em algumas cidades está relacionado a surtos de zika, dengue e chikungunya na África Ocidental
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Os arbovírus transmitidos pelos mosquitos Aedes são uma preocupação global crescente. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a transmissão da chikungunya está presente em 40 países, enquanto o zika está presente em 87 nações. Somente o vírus da dengue, presente em 129 países, infecta 390 milhões de pessoas no mundo a cada ano, com 500 mil casos graves que resultam em 25 mil mortes.
Em um novo estudo, pesquisadores da Universidade do Colorado com o apoio de cientistas da Universidade de Gana destacam o surgimento de surtos virais dessas doenças em zonas urbanas na África Ocidental. Logo, sendo diferente da transmissão rural do vírus da febre amarela que historicamente é presente na região.
A pesquisa, publicada no Acta Tropica, aponta evidências de que mudaram as epidemiologias da dengue, zika e chikungunya na região. Diversos fatores influenciaram no surgimento de patologias transmitidas pelo Aedes em cidades da parte ocidental do continente africano. Os cientistas alertam que a rápida urbanização e as mudanças climáticas podem aumentar o risco de surtos no futuro. O estudo apresenta o argumento de que existe uma necessidade urgente de melhorar a vigilância de doenças e a capacidade de diagnóstico.
Os pesquisadores revisaram 50 anos de literatura sobre o arbovírus na África Ocidental para avaliar evidências de dengue, zika e chikungunya, bem como a distribuição de seus vetores de mosquitos Aedes na região. O atual estudo fornece atualizações às estimativas anteriores, fornecendo uma síntese atual e específica da região sobre esse desafio de saúde pública em rápida evolução.
Grandes surtos de dengue, zika e chikungunya ocorreram recentemente nos países da região, com mais de 27 mil casos de enfermidades transmitidas pelo Aedes documentados desde 2007. Os recentes surtos de arbovírus se concentraram mais em cidades. A chegada relativamente nova do mosquito Aedes Albopictus surgiu como um vetor importante em diversas áreas urbanas.
Pesquisas de soroprevalência sugerem que os casos relatados são uma subestimação grosseira da carga subjacente da doença arboviral. Esses “achados” indicam uma mudança na epidemiologia das doenças do Aedes como vetor na parte ocidental do continente. Além disso, destacam a necessidade de mais pesquisa e melhoria na implementação do controle de vetores e patologias.
A rápida urbanização e a mudança climática podem alterar ainda mais os padrões de doenças. Isso ressalta a necessidade de melhorar a capacidade de diagnóstico e a vigilância tanto de vetores quanto de enfermidades para enfrentar esse crescente desafio da saúde, segundo os pesquisadores.
“Os vírus emergentes estão na vanguarda da atenção de todos devido à pandemia da covid-19”, disse a pesquisadora Andrea Buchwald — a líder da pesquisa e estudante de pós-doutorado na Escola de Saúde Pública — em comunicado divulgado pela Universidade do Colorado. “A pandemia ressaltou a importância de se preparar e prevenir grandes surtos virais que podem ter enormes consequências econômicas e de saúde pública ”, completa Buchwald.
Os especialistas descrevem algumas medidas que podem ser tomadas para reduzir o risco de grandes surtos, como o aumento da capacidade de teste, o investimento em vigilância e a implementação de medidas de controle de mosquitos.
Elizabeth Carlton — professora assistente de Saúde Ambiental e Ocupacional na Escola de Saúde Pública do Colorado e coautora do estudo — alerta que grandes surtos de arbovírus ocorrerão em todo o mundo. “É apenas uma questão de onde e quando”, ela afirma.
“Aumentar a capacidade de conscientização e de vigilância antes que os surtos ocorram pode ajudar a detectá-los mais cedo e permitir uma resposta rápida e eficaz para reduzir os impactos na saúde humana”, disse a professora.
O Brasil também está enfrentando um aumento expressivo de casos de doenças causadas por arboviroses. Do começo do ano até o início de maio, o Ministério da Saúde já registrou no Brasil mais de 700 mil casos prováveis de dengue, 27 mil de chikungunya e 2,5 mil de zika, o que significa mais de 300 mortes. Os números da dengue já representam quase a metade dos registros de todo o ano de 2019.
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Fonte: ScienceDirect, Universidade do Colorado, Science Daily, OMS e Ministério da Saúde.