Condição afeta até 10% das crianças e dos adolescentes e é multifatorial
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Quem pensa que dor de cabeça é “coisa de gente grande” vai se surpreender com um dado: mais de 50% das crianças e dos adolescentes também sofrem desse mal, segundo uma revisão do Jornal Paranaense de Pediatria. Um dos tipos mais comuns é a enxaqueca (ou migrânea), doença crônica que pode provocar vômito, náuseas, além de foto e fonofobia.
Calcula-se que, entre os adultos, a prevalência desse tipo de cefaleia seja de 15%. Entre as crianças e os adolescentes, o índice chega a 10%. Mas como identificar o problema?
Notar que uma criança sofre de enxaqueca é um desafio, especialmente se ela está na primeira infância e ainda tem dificuldades de manifestar a própria dor com precisão. Por isso, é preciso que os pais consultem um pediatra e saibam perceber os sintomas que estão nas entrelinhas.
Um artigo publicado no periódico Pediatria Moderna mostra este exemplo: uma criança que procura um lugar escuro e silencioso para ficar pode estar sofrendo de fotofobia ou fonofobia, sinais comuns da enxaqueca, como mencionado.
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Se o pequeno consegue se comunicar bem, é válido perguntar a localização e a forma da dor (pulsátil, em pressão ou pontadas). Caso ele ainda não fale, observe o comportamento corporal.
Monitore também a duração e a frequência das crises. No período escolar e pré-escolar, os episódios podem durar de 1 hora a 72 horas e acontecer várias vezes ao longo do dia. O uso de uma tabela diária pode ajudar no acompanhamento.
Esse tipo de informação será extremamente útil para o pediatra. Como não há um exame que ateste a presença de enxaqueca, o diagnóstico é feito mediante uma anamnese aprofundada, então toda informação que chegar ao especialista é bem-vinda, reforça o clínico geral Roberto Debski.
A consulta também vai ajudar a descartar outros tipos de cefaleia, a exemplo daquelas classificadas como secundárias. Raras, mas quase sempre graves, elas estão relacionadas a problemas de saúde para além da própria dor de cabeça — como epilepsia ou distúrbios de coagulação — e demandam atendimento imediato.
Alguns alertas da cefaleia secundária são: dor intensa de início abrupto, cuja frequência e intensidade aumentam, mudanças no padrão da dor e resistência a analgésicos comuns.
Embora ainda não se conheça as origens da enxaqueca, estudos recentes a associam a fatores genéticos aliados a interferências ambientais. Debski, que é especialista em Medicina Integrativa, explica, portanto, que é necessário se atentar aos gatilhos externos da dor da criança e, se possível, fazer mudanças de estilo de vida para evitar esses estopins.
Em muitos casos, a dor pode ser desencadeada pelo consumo de alimentos gordurosos, queijos e até pela exposição excessiva a telas. “É preciso atenção para reconhecer esses estímulos e fazer readequações necessárias na rotina e no cardápio, além de seguir o tratamento indicado pelo médico consultado”, reforça o clínico geral.
Quer saber mais? Assista aqui à opinião de nossos parceiros especialistas em Saúde.
Fonte: Roberto Debski, clínico geral e especialista em Medicina Integrativa; Sociedade Brasileira de Cefaleia, Universidade do Porto — A Genética da enxaqueca, Pediatria Moderna — Cefaleias na Infância e na Adolescência, Jornal de Pediatria — Tratamento profilático da cefaleia recorrente na infância