Estruturado para colaborar com o debate sobre o uso de tecnologias pelos sistemas de saúde, o estudo constatou que o custo é influenciado positivamente pelo Índice de Tecnologia Médica.
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A interligação entre medicina e tecnologia evoluiu ao longo da história, trazendo inovações para o trabalho de cientistas e profissionais de saúde, com grandes reflexos para a população e a sociedade. Uma pesquisa divulgada recentemente pela Associação Brasileira da Indústria de Tecnologia para Saúde (Abimed) apresentou dados sobre o impacto dos avanços tecnológicos para o bem-estar social.
O estudo, estruturado para colaborar com o debate sobre o uso de tecnologias pelos sistemas de saúde, mostrou que o custo é influenciado positivamente pelo Índice de Tecnologia Médica, concluindo que o incremento de 1% nesse índice se reflete em 0,494% no gasto em saúde per capita. No âmbito de bem-estar, a proporção de pessoas com mais de 65 anos aumentou em 0,00868% com esse acréscimo, e a mortalidade infantil caiu 0,0253%.
Segundo o levantamento, que apresenta exemplos nos segmentos de cardiologia, diagnóstico por imagem e ortopedia, de 2009 a 2019, os gastos em saúde cresceram em R$ 97,68 bilhões com a ampliação da tecnologia médica, valor que representa a soma do Sistema Único de Saúde (SUS) e da saúde suplementar.
A análise mostra, de acordo com a Abimed, que o impacto positivo pode ser impulsionado por meio de Avaliação de Tecnologias em Saúde (ATS), ou seja, com o suporte técnico para as decisões sobre a adoção de tecnologias em saúde, proporcionando menores gastos e melhor atendimento ao paciente.
A Avaliação de Tecnologias em Saúde foi criada em nível mundial na década de 1960 e se tornou indispensável diante de um cenário de desenvolvimento de novas tecnologias, alterações no perfil de saúde da população e necessidade de otimização de recursos, em função de restrição orçamentária.
A função da ATS, portanto, é proporcionar subsídios aos gestores, com base em evidências científicas quanto às tecnologias usadas na saúde, mas considerando, entre outros, os aspectos econômico, social e ambiental.
No Brasil, para a adoção de novos medicamentos e tecnologias no sistema público, a avaliação é realizada pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec), com o apoio da Rede Brasileira de Avaliação de Tecnologias em Saúde (Rebrats), formada por representantes de instituições públicas e privadas de ensino e pesquisa de todo o País, hospitais e entidades de gestão do SUS e da saúde suplementar.
Entre os exemplos citados na pesquisa estão as próteses de quadril. A utilização precoce da tecnologia, conforme a análise, propicia uma redução de 7,4% da mortalidade intra-hospitalar, comparativamente ao acesso tardio, cujo índice é de 16,9%.
Em cada tratamento, a economia gerada também é significativa: de R$ 5.622 para R$ 3.626, o equivalente a mais de 35%. Em cirurgias oncológicas, a redução de custos poderia chegar a R$ 3 milhões, por meio de melhor avaliação. O desafio, porém, é especialmente proporcionar o alcance equitativo às novas tecnologias.
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A importância da garantia de inclusão e redução de desigualdade na saúde foi destaque em um simpósio promovido em março pela Secretaria de Informação e Saúde Digital do Ministério da Saúde, com apoio da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas).
No âmbito da transformação digital da saúde pública, a entidade internacional tem oito metas, que incluem cooperação em tecnologias emergentes, aplicação de sistemas de informação e saúde digitais abertos, sustentáveis e interligados, além de criação de produtos digitais no segmento e melhorias para as populações menos favorecidas.
Fontes: Abimed, Ipea, Ministério da Saúde, Conitec, Rebrats, Conass