De acordo com especialistas, isolamento social pode afetar crianças nascidas em 2020 e 2021
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Os bebês nascidos em meio à pandemia estão enfrentando algumas consequências por conta da disseminação da covid-19. Os recém-nascidos precisam ficar em casa, totalmente isolados, seguindo recomendação médica.
Com isso, os bebês deixam de conhecer outras crianças e passam a contar apenas com os pais durante o seu desenvolvimento. A especialista em desenvolvimento infantil Nayeli Gonzalez-Gomez, da Oxford Brookes University, está realizando um estudo sobre os efeitos da pandemia em bebês de 8 a 36 meses.
Em entrevista ao jornal The Guardian, ela disse estar descobrindo que as experiências estão variando muito em relação à vida social, já que há falta de grupos de apoio para famílias mais carentes e todo o lazer e a recreação dos bebês deixaram de existir durante esse período.
“Playgrounds são realmente importantes, pois oferecem atividades enriquecedoras, promovem a saúde infantil e beneficiam os pais que, normalmente, tinham acesso a outras famílias e podiam se ajudar”, afirmou a pesquisadora ao The Guardian.
Segundo Gonzalez-Gomez, tanto as crianças como os pais estão sendo prejudicados com o isolamento social. Alguns relatos anônimos do estudo dizem que os bebês passaram a ter medo de outros adultos ou se tornaram apegados demais aos pais.
“Se a criança se acostumar a ficar dentro de casa, pode estar perdendo inúmeras interações que ensinariam como o mundo social funciona. Não sabemos qual será o efeito a longo prazo, mas é preciso ficar de olho”, afirmou a pesquisadora ao The Guardian.
Por outro lado, as crianças contam com a presença mais frequente dos pais. A Dra. Liz Gregory, psicóloga clínica e consultora do Conselho de Saúde da Universidade Aneurin Bevan, no País de Gales, disse ao The Guardian que se os pais estiverem mais em casa e menos distraídos, os bebês absorvem isso de maneira positiva.
“O que costumamos esquecer é que tudo isso é novo para um bebê”, diz ela. “Você pode descarregar uma máquina de lavar louça e, enquanto estiver se voltando para interagir, o bebê vai achar isso fascinante”, afirmou Gregory ao The Guardian.
Para a psicóloga, a ideia de que mais interações sociais tornam os bebês mais sociáveis no futuro é um mito. Na verdade, isso está relacionado ao temperamento, mas uma criança com apego aos pais têm mais probabilidades de criar laços mais significativos com si mesma e os outros.
Em entrevista ao jornal, ela disse que “a certeza segura, previsível e confiável faz se sentirem mais confiantes para explorar o mundo à medida que envelhecem. O que os bebês querem e precisam, mais do que qualquer coisa, são interações com adultos seguros e confiáveis”.
A radiologista Catherine Lebel, da Universidade de Calgary, está liderando um estudo de longo prazo para monitorar mulheres grávidas do Canadá e acompanhar os bebês com o objetivo de verificar se o isolamento causará consequências emocionais nas crianças nascidas durante a pandemia.
De acordo com entrevista da pesquisadora ao National Geographic, a tensão e o isolamento excessivos pelo qual as grávidas estão passando podem estar afetando os fetos. Ela afirma que isso pode gerar problemas cognitivos, mentais, emocionais e físicos.
Conforme uma pesquisa realizada pelo Centro Médico da Universidade Erasmo de Roterdã, os pais estão cancelando consultas importantes no pré-natal, que, normalmente, podem verificar deformações no feto ou outros problemas. Com a interrupção do acompanhamento, também há dificuldades para fazer o diagnóstico de hipertensão das mães.
Os especialistas afirmam que o medo de se contaminar com a covid-19 está gerando impactos à saúde da mulher, dificultando diagnósticos e acompanhamentos detalhados, além do isolamento social que prejudica o emocional dos pais.
Fonte: The Guardian, Centro Médico da Universidade Erasmo de Roterdã, National Geographic.