Como as cirurgias podem impactar o meio ambiente? - Summit Saúde

Como as cirurgias podem impactar o meio ambiente?

1 de setembro de 2022 4 mins. de leitura

Cerca de 300 milhões de cirurgias realizadas no mundo, por ano, acabam contribuindo para o aquecimento global

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A realização de cirurgias é um instrumento poderoso para promoção de saúde e evitar a mortalidade de pacientes. Mais de 300 milhões de procedimentos cirúrgicos são realizados todos os anos no mundo, de acordo com estimativa da Harvard Medical School.

Desse total, apenas 6% acontecem nos países mais pobres, sobretudo na África e na Ásia, onde vivem mais de um terço da população global. Para atender a toda a demanda mundial, seriam necessários mais 140 milhões de operações adicionais por ano, calculam os pesquisadores.

No entanto, a prática cirúrgica do modo que é realizada tem um impacto significativo no meio ambiente. Diante dos desafios de limitar o aquecimento global, o setor de saúde tem buscado alternativas para procedimentos mais sustentáveis com o intuito de garantir o acesso à saúde sem onerar o meio ambiente.

Pegada de carbono das cirurgias

As salas de cirurgia produzem quase um terço dos resíduos de hospitais. (Fonte: Shutterstock/Reprodução)

Os cuidados com saúde têm uma participação importante nas emissões de gás carbônico. O setor contribui com 7% da pegada de carbono na Austrália, 10% nos Estados Unidos e 4% na Inglaterra, segundo informações divulgadas pelo Royal Australasian College of Surgeons (Racs).

Apenas os hospitais são responsáveis por cerca da metade das emissões, com os espaços cirúrgicos representando uma contribuição significativa. “Embora ocupem apenas uma porção física relativamente pequena de um hospital, as salas de cirurgia produzem cerca de 20% a 30% dos resíduos de uma instituição”, afirma o Racs.

As salas cirúrgicas necessitam de energia para manter funcionando, de forma contínua, sistemas de aquecimento, ventilação e ar-condicionado. Além disso, muitos resíduos dos procedimentos precisam de processamento de alto consumo energético para serem descartados com segurança.

Existe, ainda, uma preocupação com a pegada de carbono dos gases de anestesia. Muitas dessas substâncias, como o óxido nitroso, são capazes de destruir a camada de ozônio. Apenas 5% desses gases são metabolizados pelos pacientes, com o restante sendo liberado na atmosfera, caso não haja sistemas de recuperação.

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Preocupação com o meio ambiente

A substituição de itens descartáveis e a separação de resíduos podem reduzir a pegada de carbono dos procedimentos cirúrgicos. (Fonte: Shutterstock/Reprodução)

Os procedimentos cirúrgicos representam uma parcela relevante dos recursos utilizados dentro de um hospital. Qualquer mecanismo para reduzir o desperdício ou promover um uso mais eficaz não só contribui positivamente para o meio ambiente, como também representa uma vantagem econômica.

O consumo de energia elétrica, por exemplo, pode ser diminuído ao desligar equipamentos sem uso. A separação dos resíduos de forma adequada contribui para a menor necessidade energética no processamento seguro e ainda permite reciclar grandes volumes de plásticos, papelão e papel.

Apesar de os produtos descartáveis serem preferidos, são uma parcela considerável do lixo produzido em uma sala de cirurgia. Os itens reutilizáveis, além de mais ecológicos, podem representar um menor custo para o hospital.

Essas iniciativas exigem mudanças na prática cirúrgica e podem sofrer resistências sociais, logísticas e institucionais. Por isso, uma pesquisa contínua baseada em evidências é fundamental para manter a qualidade dos procedimentos e minimizar o impacto ambiental provocado por centros cirúrgicos.

Quer saber mais? Assista aqui à opinião de nossos parceiros especialistas em Saúde.

Fonte: International Journal of Surgery, 2020, The Lancet, 2015, Harvard Medical School, Royal Australasian College of Surgeons (Racs), NPR, Medscape Anesthesiology, 2009.

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