A área da Saúde responde por 4,4% da poluição atmosférica, acendendo o sinal de alerta para o dióxido de carbono emitido pelo setor
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Segundo o relatório Pegada do clima nos sistemas de saúde: como o setor de saúde contribui para a crise climática global e oportunidades de ação, um estudo da Arup e da Health Care Without Harm, das 40 gigatoneladas de CO₂ emitidas na atmosfera todos os anos, duas delas são oriundas dos cuidados sanitários. Essa realidade tem acendido o sinal de alerta para a seguinte questão: como lidar com a emergência climática na Saúde?
O Estadão Summit Saúde apresenta as principais informações que você precisa saber e algumas saídas para diminuir a emissão de gases causadores do efeito estufa no setor. Entenda o impacto da área da Saúde na poluição atmosférica.
Os dados da Arup e da Health Care Without Harm são conclusivos: se a área da Saúde fosse um país, seria o quinto mais poluente do mundo. Esse impacto na pegada de carbono corresponde a mais de 500 usinas de carvão funcionando ininterruptamente.
Tal como ocorre em outros espaços produtivos, alguns, poucos, países são responsáveis pela maior parte das emissões. Juntos, os Estados Unidos, a China e o bloco da União Europeia respondem por 56% do impacto climático. Entre os “vilões do clima”, também há uma hierarquia.
Em termos proporcionais, os Estados Unidos são o principal poluidor. No território, são emitidas 57 vezes mais gases do que na Índia, que é o segundo país mais populoso do mundo, podendo ultrapassar a China em número de habitantes ainda nesta década. Já na China, conhecida por ter indústrias poluentes, polui sete vezes menos do que os Estados Unidos e menos da metade da União Europeia, proporcionalmente.
Um quadro que cruza dados de diferentes arranjos de cuidado estabeleceu que os países mais poluentes na Saúde em termos per capita são Austrália, Canadá, Suíça e Estados Unidos. E o Brasil?
A pesquisa apontou que o Brasil responde por cerca de 2% da poluição atmosférica global, quando se trata da Saúde. Com isso, a população do Brasil também polui mais do que a da Índia, embora esta seja sete vezes menor.
Mas o problema é tão sério que, apesar disso, o Brasil está entre os países menos poluidores em um cálculo per capita. Na mesma categoria, estão países como a Índia, a China, a Indonésia, o México e a Turquia.
Outro dado interessante é que o setor de saúde brasileiro acompanha a média mundial: por aqui, a atividade emite 4,4% do total de gases causadores do efeito estufa do total do País. E 70% dos insumos produzidos no Brasil são consumidos nele próprio, o que também é próximo da média mundial (76%).
O estudo não detalha, porém, um ponto importante: o modelo de cada sistema de saúde. A título de exemplo, o Sistema Único de Saúde (SUS) é organizado de modo a priorizar a Atenção Básica, com menos intervenção hospitalar e mais atendimento no território, inclusive via mobilidade ativa dos pacientes e da equipe de saúde. Esse fator pode ser um atenuante fundamental para a poluição do sistema de saúde brasileiro que deve ser mais bem estudado.
O problema existe e é grave. Por isso, é importante traçar um planejamento para minimizá-lo ao máximo e construir novas estratégias para esse setor. Assim, a Arup e a Health Care Without Harm apontam algumas saídas importantes descritas a seguir.
Os atores dessa área podem se mobilizar desde já se inspirando em experiências bem-sucedidas mundialmente. Já há milhares de hospitais e sistemas preocupados com a pegada climática, visando à emissão zero. Para isso, as entidades sugerem o seguinte:
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A área da Saúde de cada país deve defender a eliminação de combustíveis fósseis em atividades e a transição para fontes renováveis. Isso vale para ambulâncias, veículos de transporte de carga, motores e todo tipo de energia usada. Assim, os cuidados de saúde podem convergir para a emissão zero e ainda proteger a saúde pública.
Um plano global assertivo precisa de um que guie as ações a longo prazo, identificando caminhos e estabelecendo um plano de ação com metas e cronogramas. Para isso, é importante considerar o princípio da equidade, criando desafios mais ousados para os países mais ricos e que mais poluem.
Os atores que fomentam a saúde internacionalmente devem integrar estratégias inteligentes para coordenar o investimento de modo a proteger o clima. Isso se aplica a agências bilaterais de ajuda, outras de financiamento da saúde, públicas, privadas ou filantrópicas e bancos multilaterais de desenvolvimento. Assim, junto aos empréstimos, pode-se inserir políticas de orientação aos países em desenvolvimento, em acordo com a Cúpula de Ação Climática e outros eventos das Nações Unidas.
Nacionalmente e nas esferas inferiores, o governo de cada país deve aproveitar as iniciativas existentes para estabelecer ações visando à descarbonização de seu sistema de saúde. Essas medidas devem ser articuladas com as políticas climáticas locais e o Acordo de Paris. Também nesse aspecto, espera-se dos países mais responsáveis pelo problema que liderem o caminho.
Já se sabe que a poluição e as mudanças climáticas afetam a saúde da população, mas é importante conhecer mais desse cenário. É preciso entender as tendências que existem na interação entre os cuidados de saúde e os problemas no clima, sendo possível fazer uma prospecção das demandas futuras que atingirão os sistemas de saúde de cada país.
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Fonte: Biblioteca Virtual em Saúde, Drauzio Varella, Federal Nacional das Associações de Celíacos do Brasil