Diabete: Ibuprofeno aumenta risco de insuficiência cardíaca

Conheça o maior e mais importante evento do setor de saúde do Brasil

Um estudo mostrou que pessoas com diabete tipo 2 têm duas vezes mais chances de sofrer insuficiência cardíaca após tomar anti-inflamatórios, como o ibuprofeno. O resultado foi apresentado durante o Congresso Europeu de Cardiologia realizado entre 26 agosto e 29 de agosto, em Barcelona (Espanha).

De acordo com os médicos, pacientes com diabete são mais propensos a sentir dor e, por isso, podem ter tendência a tomar remédios com mais frequência. Com isso, os pesquisadores resolveram estudar o assunto no grupo de pessoas com diabete tipo 2, doença que faz o organismo não produzir quantidade suficiente de insulina ou não conseguir utilizar o hormônio adequadamente.

“Em geral, sempre recomendamos que os pacientes consultem médicos antes de iniciar um novo medicamento e, com os resultados deste estudo, esperamos ajudar os médicos a mitigar o risco ao prescrever AINEs [anti-inflamatório não esteroidal]”, disse o autor principal, Anders Holt, do Hospital Universitário de Copenhague (Dinamarca), em comunicado à imprensa.

Estudo é importante, mas tem limitações

Para chegar aos resultados, os cientistas analisaram 331.189 pacientes com diabete tipo 2, de uma base de dados dinamarquesa de 1998 a 2021. Os participantes tinham idade média de 62 anos, sendo 44% mulheres e 56% homens.

As informações sobre os anti-inflamatórios — ibuprofeno, naproxeno, celecoxib e diclofenaco — foram solicitadas antes da primeira hospitalização por insuficiência cardíaca, que é quando o coração deixa de bombear corretamente o sangue para nutrir o corpo todo.

Do grupo total, 50 mil tomaram os medicamentos, sendo que metade precisou ser hospitalizado devido à insuficiência cardíaca, pela primeira vez, durante o primeiro ano do estudo.

Outro achado da pesquisa mostrou que o risco de hospitalização entre aqueles que tomam os medicamentos com pouca frequência ou pela primeira vez foi significativamente maior.

No entanto, o autor principal conta que o estudo teve limitações, já que o uso sem receita de anti-inflamatórios não foi incluído. “Mas provavelmente não teve impacto nos resultados, uma vez que um relatório anterior descobriu que os anti-inflamatórios vendidos sem receita [na região onde o estudo foi feito] compreendem uma pequena proporção do uso total”, ele falou.

Anti-inflamatórios podem ser seguros em alguns casos

Outro ponto levantado pelo cientista é que esse foi um estudo observacional, e não de causalidade. Portanto, não dá para concluir que os medicamentos causem insuficiência cardíaca em pacientes com diabete tipo 2.

“No entanto, os resultados sugerem que um risco potencial aumentado de insuficiência cardíaca deve ser considerado ao se fazer o uso desses medicamentos”, afirmou o autor.

Aliás, para Holt, os dados sugerem que pode ser seguro prescrever os anti-inflamatórios de curto prazo para pacientes com menos de 65 anos de idade e aqueles com diabete bem controlada.

É importante ressaltar que, no Brasil, são 15,7 milhões de pessoas adultas com diabete. A estimativa, segundo dados da Federação Internacional de Diabetes (IDF) é que, até 2045, a doença afete 23,2 milhões de adultos brasileiros.

Quer saber mais? Assista aqui à opinião de nossos parceiros especialistas em Saúde.

Fonte: Agência Brasil, Congresso Europeu de Cardiologia, Independent.