Pessoas vacinadas também podem ser atingidas pelas novas sublinhagens, mas o maior risco é para pessoas que não se imunizaram contra a covid-19
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Desde que foi descoberta, no fim de 2021, na África do Sul, a variante ômicron do Sars-CoV-2 tem causado novas preocupações no combate à covid-19. Meses depois, o aparecimento das sublinhagens da ômicron demonstra que mesmo as pessoas já infectadas com essa variante não estão totalmente protegidas.
Segundo um estudo publicado em maio por cientistas sul-africanos, a infecção pela variante ômicron não impede novos casos de covid-19 com as sublinhagens BA.4 e BA.5 — surgidas no primeiro trimestre de 2022.
Essas novas cepas conseguem driblar as proteções adquiridas com infecções anteriores: os cientistas observaram uma quantidade menor de anticorpos no organismo dos infectados com essas sublinhagens.
Dessa forma, o vírus e a covid-19 podem se espalhar ainda mais — especialmente em locais onde uma parcela menor da população foi vacinada. Como é o caso da própria África do Sul — estima-se que apenas um terço da população está imunizada.
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O estudo sul-africano contou com 39 participantes, sendo 24 não vacinados e outros 15 vacinados (8 com imunizantes da Pfizer e 7 com a Janssen).
As amostras de sangue de todos os participantes foram coletadas quando estes foram infectados pela primeira linhagem da ômicron, no fim de 2021. Após a exposição às novas sublinhagens (BA.4 e BA.5), observou-se uma diminuição de quase oito vezes nos índices de produção de anticorpos entre as pessoas não vacinadas. Já entre as vacinadas, a diminuição foi de apenas três vezes.
O estudo aponta ainda que os participantes vacinados têm uma capacidade cinco vezes maior de neutralizar o vírus do que as pessoas não vacinadas.
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Outro estudo semelhante, realizado por cientistas chineses, foi publicado em junho na revista Nature. Ele mostra que as sublinhagens BA.4 e BA.5 podem driblar os anticorpos de vacinas e são especialmente agressivas com quem não se vacinou — e conta apenas com a imunidade adquirida em infecções anteriores.
Os cientistas alertam que mesmo as vacinas desenvolvidas para neutralizar a variante ômicron original podem não ser eficazes contra as novas sublinhagens.
Em entrevista à agência de notícias Reuters, o dr. Onyema Ogbuagu disse acreditar que até pode existir alguma vantagem em ter vacinas específicas para a ômicron, mas que elas não seriam muito superiores às atuais com as doses adicionais.
As vacinas para variantes específicas tendem a “ficar desatualizadas” rapidamente, pois, quando um imunizante for lançado, já terá surgido uma nova variante que “driblará” sua proteção.
Ainda assim, a imunização é importante: “apesar da evasão da imunidade, a expectativa é de que as vacinas continuem protegendo de casos graves”, afirmou o dr. Ogbuagu.
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Uma proteção mais ampla contra a variante ômicron e suas sublinhagens poderá ser criada com os imunizantes por via nasal — que impedem a infecção já na entrada do vírus no corpo — ou com fórmulas criadas a partir de diversas cepas do Sars-CoV-2.
É interessante notar que algumas drogas lançadas recentemente para tratar da covid-19 — como o bebtelovimab e cilgavimab — apresentaram boa resposta às sublinhagens BA.4 e BA.5.
Porém, o uso de medicamentos para tratar da covid-19 ainda é incipiente, com a aprovação dos primeiros remédios para uso no Sistema Único de Saúde (SUS) em maio de 2022.
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Fonte: Reuters