Por que a doação de órgãos ainda é um tabu no Brasil?

25 de setembro de 2021 4 mins. de leitura
Setembro é o mês escolhido pelo Ministério da Saúde para conscientizar a população da importância da doação de órgãos

Conheça o maior e mais importante evento do setor de saúde do Brasil.

Para dar destaque à importância da doação de órgãos, o Ministério da Saúde criou em 2007 o Dia Nacional da Doação de Órgãos, celebrado em 27 de setembro. Em extensão, criou o Setembro Verde para conscientizar a sociedade sobre a doação de órgãos, tecidos e células.

O sistema público de saúde do Brasil lidera o ranking mundial, com o maior número de transplantes realizados. Essa conquista só foi possível após a implementação da Lei nº 9.434, criada em 1997, que passou a permitir a remoção de órgãos, tecidos e partes do corpo para fins de transplante e tratamento. 

Em alguns casos, o transplante ocorre ainda em vida, quando o doador é o responsável pela anuência da transferência. Em outras situações, ela pode ocorrer depois do falecimento da pessoa, mas nesse caso a família é responsável por dar o aceite. 

A doação de órgãos no Brasil

No País, a doação ainda é tratada como tabu, por vezes, por falta de informação e pouca discussão sobre o assunto. Em 2020, devido à pandemia, a Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO), divulgou que o número de doações caiu e a taxa de mortalidade de quem está na fila de espera aumentou de 10% a 30%.

No período de janeiro a dezembro de 2020, 188 notificações para doação foram realizadas, mas apenas 60 se concretizaram. (Fonte: jcomp/ Freepik/Reprodução)
No período de janeiro a dezembro de 2020, 188 notificações para doação foram realizadas, mas apenas 60 se concretizaram. (Fonte: jcomp/ Freepik/Reprodução)

A doação de órgãos é um ato nobre e pode salvar vidas. Em vida, é possível, com as compatibilidades necessárias, doar rim, parcialmente o pâncreas, parte do fígado e do pulmão, em situações excepcionais. Já de doadores não vivos podem ser obtidos rins, coração, pulmão, pâncreas, fígado e intestino.

Além desses, tecidos como córneas, válvulas cardíacas, ossos, músculos, tendões, pele, veias e artérias. Assim, um único doador pode beneficiar várias pessoas que aguardam na fila do transplante. 

O aceite da doação não é o fim do processo. Há um limite temporal para que os órgãos sejam transplantados, por isso, quanto antes a decisão seja tomada, melhor para o receptor.

Setembro Verde e a sua importância 

Como as doações depois da morte dependem da família, o Ministério incentiva que as pessoas conversem com seus familiares e amigos sobre o assunto. Atualmente já existem carteiras de doação, em que o possível doador formaliza a sua decisão com a finalidade de facilitar que a família tome a decisão. 

Por mais que seja uma decisão difícil para a família, é importante ter em mente que essa atitude pode salvar outras vidas. Como o transplante depende de compatibilidade, nem sempre ter um doador disponível significa o fim da ansiedade de um paciente na fila de espera.

Em 2019, 43% das famílias recusaram aceitar a doação após morte encefálica comprovada. Um dos motivos é a espera de um milagre de restabelecimento do paciente. (Fonte: Pixabay/SharonMcCutcheon/Reprodução)

Um estudo realizado pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) apontou três motivos principais para a alta taxa de recusa familiar. Primeiramente, há uma incompreensão da família sobre a morte encefálica. A morte encefálica ocorre quando o encéfalo para de funcionar, mas os aparelhos mantêm a respiração e os batimentos cardíacos. Além disso, há falta de preparo da equipe médica para fazer a comunicação sobre a morte e doação e, por fim, a religião também impacta a decisão. 

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Fonte: Planalto, Unifesp, Saúde Bahia, Saúde RJ, Saúde Gov, Agencia Brasil.

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