Summit Saúde & Bem-estar: sustentabilidade no sistema de saúde

20 de outubro de 2022 5 mins. de leitura
Após pandemia de covid-19, o sistema de saúde precisa definir um novo modelo de assistência e gestão para garantir a acessibilidade

O Estadão Summit Saúde & Bem-estar 2022, que acontece de forma online e gratuita, continuou nesta quinta-feira (20) com o debate de como enfrentar os desafios gerados pela pandemia de covid-19 para transformar o sistema de saúde em direção à sustentabilidade.

A primeira questão levantada foi o acesso do cidadão aos diferentes serviços e não somente aqueles destinados a cuidar das doenças. “As atividades extras do setor de saúde, como a Semana de Segurança Nutricional, não fazem parte dos modelos de saúde, mas fazem a diferença para quem quer ser saudável”, avaliou a médica e pesquisadora na área de gestão em saúde e coordenadora do FGV Saúde, Ana Maria Malik.

Saúde e bem-estar têm de ser pensados dentro dos objetivos de desenvolvimento sustentável (ODS) para todas as idades, com educação de qualidade para todos. Nas escolas, por exemplo, os estudantes permanecem sentados a maior parte do tempo. “A criança é extremamente ativa e trabalhamos pouco a questão da atividade física”, assinalou o presidente do Instituto Brasileiro das Organizações Sociais de Saúde (Ibross), Flávio Clemente Deulefeu.

Parceria público-privada no sistema de saúde

A integração entre o setor público e privado é fundamental para conseguir ampliar o acesso à saúde. (Fonte: Estadão Summit Saúde & Bem-Estar 2022/Reprodução)
A integração entre setores público e privado é fundamental para conseguir ampliar o acesso à saúde. (Fonte: Estadão Summit Saúde & Bem-estar 2022/Reprodução)

O Brasil precisa investir mais no sistema de saúde, como outros países em desenvolvimento do mundo. “É necessário repensar as óticas de regulação de acesso, pois as estruturas regulatórias são ineficazes e obsoletas”, afirma o presidente do Conselho Nacional de Secretários Estaduais de Saúde (Conass), Nésio Fernandes de Medeiros Júnior.

As parcerias público-privadas são fundamentais para enfrentar crises, inclusive iniquidades sociais e características regionais. “A pandemia deixou claro que nós temos um Sistema Único de Saúde (SUS) e, portanto, todos têm um papel efetivo na execução desses serviços”, disse a diretora-executiva de Responsabilidade Social, Ana Paula Pinho.

Um exemplo é a gestão do Hospital Israelita Albert Einstein, com mais de 20 anos de parceria com o SUS. Além do atendimento de urgências, emergências, cirurgias eletivas e assistência ao parto, a unidade atua em 31 unidades de atendimento básico. “Cada vez mais atuamos para transformar o sistema de saúde do Brasil, tornando-o mais acessível e mais inclusivo”, relata o diretor do Hospital Municipal M’Boi Mirim, Leonardo Rolim Ferraz.

Leia também:

Sustentabilidade na pandemia

A pandemia elevou os custos do sistema de saúde, por isso, é preciso reavaliar o financiamento às instituições. (Fonte: Estadão Summit Saúde & Bem-Estar 2022/Reprodução)
A pandemia de covid-19 elevou os custos do sistema de saúde, por isso, é preciso reavaliar o financiamento às instituições. (Fonte: Estadão Summit Saúde & Bem-estar 2022/Reprodução)

O Brasil tinha condições de fazer um bom enfrentamento da pandemia de covid-19 pela robustez de seu sistema de saúde, mas não houve coordenação das ações de combate a covid-19. “Além da pandemia, o problema foi o pandemônio que nós enfrentamos nesse país”, opinou o professor de gestão e política de saúde da Fundação Getulio Vargas (FGV), Walter Cintra Ferreira Júnior.

Entre o final de março e junho de 2020 houve uma queda abrupta a consultórios, ambulatórios e procedimentos eletivos, mas o sistema de saúde não chegou a interromper o atendimento. “A partir de julho, o movimento começou a ser gradualmente retomado até o final do ano”, lembra o presidente da Federação Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde), Manoel Peres. Depois, houve uma volta ao nível natural que teve de conviver com a crise provocada pelo novo coronavírus.

A pandemia elevou custos e dificultou o acesso a medicamentos, aos equipamentos de proteção individual (EPIs), inclusive luvas. Apesar disso, o atendimento não parou. “Nunca deixamos de atender as altas complexidades, como oncologia e cardiologia”, relatou o presidente da Confederação das Santas Casas de Misericórdia e Hospital Filantrópicos (CMB), Mirocles Véras.

Novo modelo de sistema de saúde

A educação sanitária foi um das consequências positivas da pandemia. (Fonte: Estadão Summit Saúde & Bem Estar 2022/Reprodução)
A educação sanitária foi um das consequências positivas da pandemia. (Fonte: Estadão Summit Saúde & Bem-estar 2022/Reprodução)

A relação do sistema público com o sistema privado precisa ser redefinida, com um novo modelo de atendimento, financiamento e integração de serviços. A atuação da saúde supletiva vem avançado por serviços que eram exclusivos do SUS, como imunização e questões sanitárias, mas o marco regulatório está desatualizado.

“A sustentabilidade tem de ser forma coletiva e orquestrada”, defendeu o diretor de Saúde Populacional no Sírio-Libanês, Daniel Greca. “As iniciativas isoladas no modelo assistencial acabam sendo um desperdício”, completou. As ações devem incluir a formação e a comunicação para engajar os pacientes na promoção da saúde e sustentabilidade do sistema.

Ainda dá tempo de conferir as últimas tendências no setor de Saúde. A programação do Estadão Summit Saúde & Bem-estar 2022 vai até sexta-feira (21).

Fonte: Estadão Summit Saúde & Bem-estar 2022

144630cookie-checkSummit Saúde & Bem-estar: sustentabilidade no sistema de saúde