Dia 1º de julho marca a criação do imunizante capaz de prevenir a tuberculose, uma das doenças mais mortais da história da humanidade
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O dia 1º de julho marca uma data importante para a saúde mundial: o Dia da Vacina BCG. Aplicada pela primeira vez nesse mesmo dia, em 1921, o imunizante está comemorando 102 anos de existência e incontáveis vidas salvas.
A sigla BCG refere-se a bacilo de Calmette e Guérin, uma bactéria que foi atenuada no processo de desenvolvimento da vacina pelos cientistas franceses Léon Calmette e Alphonse Guérin.
Os testes nessa bactéria permitiram que o imunizante agisse contra a Mycobacterium tuberculosis, também conhecida como bacilo de Koch, causador da tuberculose. Isso inaugurou uma nova era no combate à doença e até hoje é lembrado como uma das maiores façanhas do mundo da microbiologia.
A vacina é aplicada em recém-nascidos, geralmente nos primeiros 30 dias de vida, e no máximo até os 4 anos de idade. Apesar de não proteger 100% contra a doença, a BCG evita as formas mais graves. Infelizmente, o imunizante não apresenta a mesma capacidade de proteção em adultos.
A tuberculose é uma doença bastante conhecida. Sua transmissão ocorre pelo ar e parte de uma infecção bacteriana (bacilo de Koch) nos pulmões do afetado, tendo como sintomas principais a tosse e a falta de ar.
A Mycobacterium tuberculosis apresenta algumas particularidades com relação a outras bactérias. Em primeiro lugar, ela não aparece no método tradicional de coloração de Gram. Além disso, é bastante resistente a antibióticos, tornando seu tratamento mais complicado.
A tuberculose pode demorar para infectar um paciente, mas também é difícil se livrar dela. Até hoje é uma doença que mata milhares de pessoas por ano, sendo uma das infecções pulmonares mais perigosas.
Outro grande problema é o fato de a infecção se espalhar, podendo afetar outras partes do corpo, como ossos, rins e meninges (membranas que revestem o cérebro). Este último, inclusive, pode levar a uma doença também bem séria, conhecida como meningite tuberculosa, mas que pode ser evitada com a vacina.
O progresso da ciência viabilizou o desenvolvimento de métodos para tratar a infecção, mas sem dúvidas o maior avanço foi a descoberta da vacina BCG, que tornou a tuberculose uma doença muito menos contagiosa.
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A tuberculose é uma doença que esteve presente durante grande parte da história humana, sendo vista como uma peste mortal séculos atrás. Algumas evidências de sua existência remontam ao Egito antigo, há pelo menos 4 mil anos, mas provavelmente ela já atingia seres humanos antes desse período.
Também conhecida como “peste branca” e “doença do peito”, a tuberculose gerava uma mortalidade extremamente alta. Antes da vacina, cerca de 75% dos doentes morriam menos de 5 anos após a infecção, e não havia uma cura ou forma de prevenção.
Os números totais são impressionantes: estima-se que, entre 1700 e 1900, a tuberculose tenha sido responsável por mais de 1 bilhão de mortes no mundo todo, com uma taxa anual de 7 milhões de mortes!
Um dos primeiros passos no combate à doença foi a identificação e descrição do bacilo em 1882, por Heinrich Hermann Robert Koch. Por isso, ele se tornou conhecido como bacilo de Koch, nome usado até os dias atuais e que rendeu ao cientista um Prêmio Nobel de Medicina em 1905.
Esse trabalho possibilitou o desenvolvimento de antibióticos mais eficazes contra a tuberculose, bem como pesquisas posteriores para a criação da vacina. As descobertas de Calmette e Guérin, aliadas aos estudos prévios de Koch, foram fundamentais para aumentar a expectativa de vida média da humanidade no século XX.
Fontes: Ministério da Saúde, Fiocruz, Soperj, Mostra Virtual, USP