Realização de biópsias tem queda de 46% durante pandemia

31 de janeiro de 2021 3 mins. de leitura
Redução de tratamentos contra câncer preocupa, pois Brasil tem uma das taxas mais altas de diagnósticos tardios

A pandemia afetou de forma negativa o diagnóstico e a terapia de câncer no Brasil. De acordo com levantamento do Instituto Oncoguia, o número de biópsias, tratamentos e consultas pré-agendadas teve grande queda em 2020 por causa de suspensão a pedido de pacientes ou por medida de segurança adotada pelas instituições de saúde.

Por ano, cerca de 700 mil pessoas recebem diagnóstico de câncer no País e 225 mil morrem em decorrência de complicações da doença. A descoberta precoce é uma das ferramentas mais utilizadas para tratar e curar o problema, mas o Brasil apresenta uma das taxas mais altas de diagnóstico tardio, o que torna os tratamentos mais difíceis e caros.

Diagnóstico tardio 

Com a pandemia, diminuíram os exames para identificação precoce de tumores. (Fonte: Shutterstock)
Com a pandemia, diminuíram os exames para identificação precoce de tumores. (Fonte: Shutterstock)

A biópsia é um dos principais exames para definir se um tumor é benigno ou maligno e ajuda a traçar a estratégia de tratamento contra o câncer. Entre março e setembro de 2019, foram realizadas mais de 500 mil biópsias; durante o mesmo período de 2020, foram menos de 300 mil, o que representa redução de 45,72%. 

Outros exames essenciais para o diagnóstico de câncer tiveram queda vertiginosa durante a pandemia. Confira o quadro geral:

  • Exame citopatológico cérvico-vaginal, que identifica câncer de colo de útero: -61,58%
  • Biópsia: -45,74%
  • Colonoscopia, para câncer de reto: -45,48%
  • Dosagem de antígeno prostático (PSA), para câncer de próstata: -44,77%

Tratamento contra câncer

Medo do coronavírus fez que menos pacientes diagnosticados iniciassem tratamentos contra neoplasias. (Fonte: Shutterstock)
Medo do coronavírus fez que menos pacientes diagnosticados iniciassem tratamentos contra neoplasias. (Fonte: Shutterstock)

Segundo o Oncoguia, o Sistema Único de Saúde (SUS) também viu a média de pacientes que começaram o tratamento sistêmico para o câncer cair durante a pandemia. Além disso, as internações por neoplasias diminuíram 24,72%. A instituição comparou as terapias iniciadas entre janeiro e setembro de 2020 com o mesmo período do ano anterior:

  • câncer de próstata: redução de 37,3% de tratamentos iniciados;
  • melanomas: queda de 33,4% no início da terapia;
  • câncer de mama: diminuição de 29,3%;
  • câncer de pulmão: redução de 28%.

Segunda onda da pandemia

A segunda onda de covid-19 gera a preocupação de mais interrupções em diagnósticos e tratamentos do câncer. Estudos científicos já apontam uma possível epidemia de casos avançados de câncer paralela à chegada de uma nova crise de coronavírus.

Diante desse cenário, o Instituto Oncoguia provocou órgãos sanitários para a criação imediata de um plano para minimização dos efeitos da pandemia na atenção oncológica. Entre os sistemas já contatados estão o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), o Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems) e o Instituto Nacional de Câncer (Inca).

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Fontes: Medicina SA, Oncoguia.

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