Gestação e nascimento de filhos impactam memória de pais - Summit Saúde

Gestação e nascimento de filhos impactam memória de pais

2 de outubro de 2022 3 mins. de leitura

Estudo sugere que cérebro de pais de 1ª viagem encolhe até 2% após chegada de recém-nascido

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A gestação e o nascimento de filhos envolvem tantas transformações biológicas que cientistas se debruçam há anos em pesquisas para compreender os impactos da chegada de um bebê para mães e pais.

No caso das mulheres cisgênero, estruturas e a atividade do órgão também sofrem mudanças, de acordo com alguns estudos científicos. Uma das condições mais investigadas é a chamada “mommy brain”. Um de seus reflexos é a perda de memória e dificuldades de concentração ao longo da gestação.

Cérebro de homens muda após nascimento de filho

Um estudo foi realizado para compreender as transformações do órgão específicas em pais de primeira viagem. Os resultados sugerem que homens cisgênero também passam por um processo de encolhimento cerebral com a chegada do primeiro filho — isso ocorre em uma área diferente da vista em mães.

Segundo cientistas do Instituto de Saúde Carlos III de Madri (Espanha), o volume do órgão de pais diminui de 1% a 2% após o nascimento do bebê.

“Estudar os pais oferece uma oportunidade única de explorar como a experiência parental pode moldar o cérebro humano quando a gravidez não é vivenciada diretamente”, segundo o artigo, publicado na revista Cerebral Cortex, em setembro.

Órgão passa por mudanças após nascimento de filhos. (Fonte: Shutterstock/Reprodução)

Por que isso acontece?

Apesar de a palavra “encolhimento” soar como negativa para alguns, os resultados sugerem que essa redução de volume pode indicar, na realidade, um refinamento do cérebro.

Essa plasticidade cerebral foi observada na massa cinzenta cortical dos pais, área ligada à compreensão social, segundo o estudo. Esse processo facilitaria a criação de vínculo dos pais com os filhos, contribuindo para o cuidado da criança. No caso das mulheres, as mudanças cerebrais foram observadas nas redes subcorticais límbicas, ligada aos hormônios da gestação.

Na nova pesquisa, foi notada ainda uma redução no volume na região do órgão ligada ao sistema visual. “Essas descobertas podem sugerir um papel único do sistema visual em ajudar os pais a reconhecer seus bebês e responder adequadamente, a uma hipótese a ser confirmada por estudos futuros”, dizem os pesquisadores.

Volume do órgão diminui de 1% a 2% após o nascimento do bebê. (Fonte: GettyImages/Reprodução)

Como o estudo foi feito

Os cientistas usaram ressonância magnética para analisar o órgão de 40 pais heterossexuais de primeira viagem, metade na Espanha e outra nos Estados Unidos. Os dados foram coletados assim:

  • Espanha — participantes fizeram exames cerebrais antes da gravidez de suas parceiras e meses depois do parto de seus filhos.
  • Estados Unidos — os pais fizeram exames em fases intermediárias da gravidez e, novamente, entre sete meses e oito meses após o nascimento.

Os cérebros de 17 homens sem filhos na Espanha também foram escaneados para ajudar na comparação. Mudanças anatômicas no volume, na espessura, na área cortical cerebral e nas subcorticais dos participantes foram consideradas na análise.

Os resultados chamaram a atenção dos pesquisadores, mas são necessárias mais investigações. “Compreender como as mudanças estruturais associadas à paternidade se traduzem em resultados de pais e filhos é um tópico amplamente inexplorado, fornecendo caminhos interessantes para pesquisas futuras”, destacam os autores.

Quer saber mais? Assista aqui à opinião de nossos parceiros especialistas em Saúde.

Fonte: Cerebral Cortex, Independent, Science Alert, Mashable

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