Menstruação: como a guerra afeta a saúde da mulher?

21 de agosto de 2022 4 mins. de leitura
Descubra como o período menstrual das mulheres pode ser afetado de forma social e biológica

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Ao enfrentar uma situação de guerra, as mulheres têm uma preocupação a mais do que os homens: a saúde reprodutiva. O conflito armado tem um impacto direto no bem-estar delas, provocando efeitos negativos.

Os resultados podem ser divididos em duas categorias principais: social e biológica. Na primeira, estão incluídos a disponibilidade e o acesso a itens de necessidade básica; já na segunda, a reação do organismo ao estresse agudo.

Quais são as consequências sociais da guerra na menstruação?

mudanças bruscas
Durante a guerra, muitas mulheres precisam abandonar suas casas para sobreviver. (Fonte: Shutterstock/Reprodução)

Em situações normais, a maioria das mulheres em idade fértil, no início da adolescência até por volta dos 50 anos, menstrua uma vez por mês. O tempo de sangramento costuma variar entre três dias e sete dias.

Além disso, um pouco antes ou até mesmo durante a menstruação, é comum ter pessoas que relatam a presença de sintomas como cólicas, dor de cabeça e diarreia.

Nesse sentido, é digno de nota que, em situações de guerras, existe a chance de a mulher ter que abandonar a própria casa e ir para um local mais seguro. O resultado disso talvez seja dificuldades de acesso a absorventes e medicamentos usados para regulação menstrual ou alívio de sintomas do período.

Existe a chance de conseguir receber alguns desses itens por meio de ajuda humanitária, mas nem sempre é a quantidade ideal. Dependendo da intensidade do fluxo, pode ser necessário usar um tipo de absorvente que suporte maior volume de sangue, evitando vazamentos.

Também é importante levar em consideração que, geralmente, existem várias mulheres em idade fértil em uma única família, aumentando a necessidade de uso de absorventes ou coletores.

No entanto, o problema não se restringe à obtenção de produtos femininos de necessidade básica, pois a experiência traumática de vivenciar uma situação de guerra é capaz de provocar alterações no próprio organismo, causando anormalidades menstruais.

Como o estresse provocado pela guerra afeta a menstruação?

Estresse mulher
O estresse da guerra é capaz de provocar anomalias na menstruação, como a amenorreia. (Fonte: Pixabay/Reprodução)

As mulheres que enfrentam situações traumáticas, como vivenciar uma guerra, podem sofrer alterações na menstruação devido ao grande nível de estresse experimentado.

Dentre os resultados, é possível citar a ocorrência da irregularidade do ciclo menstrual, ou seja, quando os intervalos entre um sangramento e outro apresentam prazos indefinidos. Outra consequência recorrente é a presença de episódios de amenorreia, que é a ausência de menstruação.

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Além disso, as circunstâncias estressantes são capazes de piorar a ocorrência da tensão pré-menstrual (TPM) e provocar o desenvolvimento do transtorno disfórico pré-menstrual (TDPM), que é a intensificação anormal dos sintomas que antecedem a menstruação, como:

  • dificuldades para dormir;
  • ansiedade e/ou tristeza extremas;
  • redução da concentração;
  • dor de cabeça;
  • aumento de cólicas;
  • cansaço excessivo.

Segundo um estudo da American University of Beirut Medical Center (AUBMC), mulheres expostas à guerra, mesmo durante um curto período, podem sofrer de desequilíbrios menstruais resultantes de estresse agudo.

A pesquisa analisou as características da menstruação em pessoas do sexo feminino com idade entre 15 anos e 45 anos, divididas em três grupos diferentes: o primeiro era composto de quem permaneceu em uma zona de guerra durante 3 dias a 16 dias; o segundo, de mulheres levadas em até dois dias para áreas mais seguras; já o terceiro daquelas que nunca foram expostas à guerra.

No final, no levantamento foi concluído que a condição de estresse experienciada pelo conflito resultou em anormalidades menstruais de 10% a 35% das mulheres e que, provavelmente, quanto maior o tempo de exposição, maior o risco de desenvolver irregularidades no ciclo reprodutivo.

Fonte: Independent, PubMed, Medindia, Universidade do Colorado, Clue, PubMed

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