Qual é a relação entre a doença de Crohn e a depressão?

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Pesquisadores da Faculdade de Medicina Keck, da Universidade do Sul da Califórnia, descobriram uma associação entre a depressão e doenças inflamatórias intestinais (DIIs).

Dentre as principais DIIs, estão a doença de Crohn e a colite ulcerativa, que geram os sintomas: dores abdominais, diarreia, febre, fadiga e desnutrição. Por isso, essas condições são associadas a incômodas alterações na rotina e a cuidados médicos frequentes. A depressão, contudo, é uma associação recém-descoberta pelos cientistas.

“Essa pesquisa mostra uma sobreposição clínica entre as duas condições e também é o primeiro estudo a investigar a associação de mão dupla entre DII e depressão em irmãos”, explica o coautor do estudo, dr. Bing Zhang. O artigo de Zhang e equipe foi publicado em junho, no Journal of Gastroenterology and Hepatology.

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Maior predisposição também em irmãos

A ligação entre as duas condições de saúde — doenças inflamatórias intestinais e depressão — é o ponto central do estudo. De acordo com os cientistas, pessoas com doenças inflamatórias intestinais têm nove vezes mais risco de desenvolver quadros clínicos de depressão.

Além disso, outra descoberta muito interessante é que até mesmo os irmãos saudáveis de pacientes com DII têm o dobro de risco de sofrer de problemas de saúde mental.

Ao mesmo tempo, a associação entre as doenças ocorre também no sentido inverso: quem tem depressão corre o dobro do risco de desenvolver doenças inflamatórias intestinais. Irmãos, mesmo que eles próprios não tenham depressão, já têm 1,5 vez mais risco de descobrir uma DII no organismo.

A razão pode estar no eixo intestino-cérebro

Esse outro sentido da associação entre depressão e DII surpreendeu os cientistas. O dr. Zhang acredita que isso pode ter relação com o eixo intestino-cérebro, uma ligação entre os sistemas gastrointestinal e nervoso via medula espinhal.

Por exemplo: a inflamação no cérebro, que é uma das principais características da depressão, pode estar diretamente ligada à inflamação do intestino, um sintoma reconhecido das doenças inflamatórias intestinais.

Em nota da Faculdade de Medicina Keck, a equipe responsável pelo estudo afirma que outras pesquisas sobre o eixo intestino-cérebro podem ajudar na prevenção, no diagnóstico e no tratamento de doenças em ambos os sistemas — gastrointestinal e nervoso.

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As possíveis causas da associação

Embora mais estudos sejam necessários, como dito, a ligação entre doenças inflamatórias intestinais e os problemas de saúde mental pode estar relacionada aos próprios sintomas físicos.

Fortes dores, dificuldade em se alimentar e alterações na rotina geram grande estresse no paciente e também em seus cuidadores — o que ajuda a explicar a maior probabilidade de depressão também em irmãos. Outras causas possíveis são o estresse ambiental e a microbiota do intestino afetada pela DII.

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Para chegar aos resultados publicados pelo Journal of Gastroenterology and Hepatology, os pesquisadores analisaram informações de saúde de mais de 20 milhões de taiwaneses (99% da população do país) — disponíveis no Banco de Dados de Pesquisa de Seguros-Saúde do país asiático. A abrangência dos dados disponíveis foi essencial à pesquisa.

A partir disso, a equipe acompanhou pessoas com DII ou depressão, bem como seus irmãos sem essas doenças, por 11 anos. Os dados foram comparados com um grupo de controle, idade e condição socioeconômica semelhantes.

Além de propor novas pesquisas sobre o eixo intestino-cérebro, o estudo pretende encorajar os serviços de saúde a considerar a relação entre doenças gastrointestinais e saúde mental, bem como histórico familiar, em avaliações e tratamentos.

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Fonte: Faculdade de Medicina Keck, da Universidade do Sul da Califórnia