Portadores da variante C do gene FNIP2 têm maior predisposição genética à magreza em comparação aos portadores da variante T
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Um estudo publicado na revista Genome Biology, em outubro de 2022, e conduzido por pesquisadores espanhóis identificou um gene que predispõe algumas pessoas à magreza. Foram analisados quase 800 voluntários saudáveis cujos dados mostraram que cerca de 60% dos europeus apresentam a variante do popularmente chamado “gene magro”, que reduz o risco de obesidade e favorece o ganho de massa magra corporal.
Estamos falando da variante C do gene FNIP2, que demonstrou estar associada a um índice de massa corporal (IMC) mais baixo e a uma taxa metabólica mais alta em comparação à variante T do mesmo gene. Isso ocorre porque o FNIP2 regula uma via metabólica essencial que, por meio de enzimas e proteínas, detecta a entrada de nutrientes e níveis de energia no corpo.
Essa via promove ou limita o crescimento celular, dizendo ao corpo quando é hora de diminuir ou produzir mais células de gordura em resposta aos tipos de alimentos ingeridos. Portanto, o gene FNIP2 está envolvido em processos celulares que influenciam o apetite, o armazenamento de energia, o metabolismo e funções correlatas.
A fim de confirmar as descobertas feitas a partir das análises humanas, os responsáveis pelo estudo desenvolveram um modelo de teste em camundongos. No experimento, foi inserida a variante C do gene FNIP2 no DNA do animal. A partir das avaliações, comprovou-se que os camundongos apresentaram menor teor de gordura.
Em comparação, os animais portadores da variante T não só mantiveram as células de gordura como também apresentaram maior tendência ao desenvolvimento de novas. Dessa forma, sugere-se que o papel desse gene na manutenção do peso é essencial, uma vez que portadores do alelo T podem apresentar maior predisposição a problemas como excesso de peso e obesidade, o que é um sério problema, considerando que a obesidade é uma ameaça à saúde pública e abre caminho para outras complicações sérias.
Nesse sentido, a descoberta do estudo também pode ser um caminho para diminuir os casos dessa doença. Embora a obesidade possa ser, de certa forma, evitada com hábitos saudáveis, descobrir uma maneira de minar o problema a partir de intervenções terapêuticas genéticas (que podem dar à pessoa o “gene magro”) é um cenário muito promissor.
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Um estudo publicado na revista PLOS Genetics, em janeiro de 2019, apresentou dados que indicam que a estrutura corporal é definida 40% pela genética e 60% por fatores externos.
No entanto, embora seja possível manter um estilo de vida saudável e que diminua a probabilidade de ganho de peso ou o desenvolvimento de doenças, é preciso deixar claro que a influência genética apresenta grande força e, até então, não pode ser modificada. Portanto, pode-se dizer que, no geral, a genética ainda é mais influente quando o assunto é a manutenção do peso e o desenvolvimento do tipo corporal.
Fonte: Science, Instituto Butantan, PFarma, BBC, Ufes