Estudos analisam eficácia da vacina contra variantes da covid-19

2 de abril de 2021 4 mins. de leitura
Pesquisadores afirmam que algumas vacinas podem não ser tão eficazes contra cepas e a disseminação do vírus precisa diminuir

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Pesquisadores afirmam que as novas cepas de covid-19 podem diminuir a eficácia das vacinas. Essa hipótese ainda está sendo analisada pelos cientistas, pois as mutações geradas pelo vírus possivelmente têm a capacidade de escapar da proteção dos imunizantes. 

Por isso, a doutora em Microbiologia Natália Pasternak, da Universidade de São Paulo (USP), disse ao Estadão que a vacinação em massa da população precisa ser acelerada. “Se deixarmos a doença correr solta, sem vacina, há o risco de aparecerem outras variantes que escapem completamente do que o mercado tem agora (de imunizante) e aí seria preciso redesenhar a vacina”, ela afirmou.

Pfizer

Mesmo que os pesquisadores indiquem a ineficiência de algumas vacinas contra as novas linhagens, alguns cientistas já fizeram testes e comprovaram que certos imunizantes, como o da Pfizer, têm resultados positivos para as novas cepas.

Pfizer comprovou eficiência do imunizante contra novas cepas
Cientistas testaram eficiência do imunizante contra novas cepas. (Fonte: Freepik)

Segundo Pasternak, os imunizantes da Pfizer foram testados nas mutações encontradas no Reino Unido, a B.1.1.7, e na África do Sul, a B.1351. A análise se mostrou positiva e eficaz contra o vírus da covid-19. Para a cientista, as novas linhagens não tornam o vírus tão diferente a ponto de não ser reconhecido pelo imunizante.

Ela também explicou que os imunizantes, como da Coronavac, são mais vantajosos por conter o vírus inativado inteiro. Isso significa que podem gerar resposta imune mais abrangente e serem mais eficazes contra as novas cepas que surgirem.

CoronaVac

Outra vacina estudada que obteve resultados positivos nas primeiras análises foi a Coronavac. No dia 10 de março, em coletiva de imprensa, o governador de São Paulo, João Dória (PSDB), anunciou que os resultados preliminares de uma pesquisa feita pelos institutos Butantã e de Ciências Biomédica da USP comprovaram que a CoronaVac é eficaz contra as novas linhagens da doença.

Pesquisa analisou amostras de 35 pacientes imunizados
Pesquisa analisou amostras de 35 pacientes imunizados.(Fonte: Freepik)

As análises foram feitas em amostras de 35 pessoas vacinadas na Fase III. Os soros dos pacientes imunizados foram colhidos por meio de um exame de sangue. As amostras foram colocadas em cultivo de células e infectadas com as novas cepas do vírus. 

Os cientistas analisaram se os anticorpos gerados pela vacina foram capazes de combater as novas linhagens, e o estudo comprovou a neutralização das novas cepas do vírus. A pesquisa completa inclui mais amostras que ainda estão sendo analisadas.

Johnson & Johnson e Novavax

Contudo, algumas empresas já apontam para vacinas que não tiveram eficiência comprovada nas novas linhagens. É o caso da Johnson & Johnson e Novavax, que foram testadas com a nova cepa da África do Sul e apresentaram menor eficácia. As empresas relataram ao Estadão que o nível de eficiência contra as novas linhagens foi de 57% para casos moderados e graves no país sul-africano. 

O imunizante da Novavax também não apresentou sucesso nas pesquisas. Na África do Sul, a eficácia foi de 49,4%. No Reino Unido, esse índice chegou a 85,6%, contudo, 50% dos participantes que tiveram a doença foram infectados pela nova cepa.

Astrazeneca e Sputnik V

A Astrazeneca e Sputnik V também são vacinas que podem não proteger as pessoas das novas linhagens do vírus. Segundo o professor Gabriel Maisonnave Arisi, da Escola Paulista de Medicina (Unifesp), os imunizantes de adenovírus, como é o caso da Oxford/Astrazeneca e Sputnik V, podem ser mais vulneráveis às mutações. 

O que fazer se os imunizantes não forem eficazes contra as mutações?

Imunizantes podem ser adaptados para novas cepas do vírus. (Fonte: Freepik)
Imunizantes podem ser adaptados para novas cepas do vírus. (Fonte: Freepik)

Caso os imunizantes não sejam capazes de conter as novas linhagens do vírus, seria preciso encontrar uma forma de produzir vacinas mais eficientes. Ao Estadão, o professor da Unifesp afirma que as tecnologias de RNA, quando se utiliza todas as partes do vírus, como a Coronavac, são imunizantes que podem ser adaptados para conter novas mutações. Ele acredita que os processos de fabricação serão mais ágeis e, no futuro, protegerão as pessoas contra novas cepas do vírus. 

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Fonte: Governo do Estado de São Paulo, Estadão.

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