Estudos demonstram resultados positivos na terapia com psilocibina, princípio ativo de cogumelos psicodélicos
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O consumo nocivo do álcool é uma preocupação de organizações e associações mundiais. Além de provocar mais de 200 doenças e lesões, 3 milhões de mortes ocorrem por ano devido ao uso indevido da substância, representando cerca de 5% de todas as mortes anuais no mundo, segundo dados da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas).
Por isso, a comunidade científica concentra esforços para colaborar com novas maneiras de diminuir o consumo e conscientizar a população acerca dos riscos envolvendo o alcoolismo.
Agora, pesquisadores encontraram indícios positivos no uso de uma terapia polêmica para alguns e revolucionária para outros. Confira como o tratamento terapêutico associado ao princípio ativo de cogumelos psicodélicos pode ajudar a reduzir o consumo excessivo de álcool.
A substância está presente em cogumelos psicodélicos (também conhecidos como alucinógenos), sendo que, no Brasil, ela é encontrada na espécie Psilocybe cubensis e costuma crescer em pastagens e florestas úmidas.
O princípio é absorvido pelo intestino e transformado em psilocina, que tem forte atuação nos receptores cerebrais, afetando o humor, a cognição e a percepção.
Porém, o impacto da substância no organismo depende de diversos fatores, como:
Como a psilocibina é considerada ilegal em sua forma pura tanto no Brasil como em outros países, pesquisas envolvendo o uso dela precisam de aprovação prévia, mas desde os anos 1940, a substância é associada a estudos que analisam o efeito terapêutico dela.
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O mais recente estudo conhecido sobre os usos terapêuticos da substância psilocibina foi publicado no final de agosto na revista JAMA Psychiatry com resultados importantes para conter o alcoolismo nos Estados Unidos (país de origem da pesquisa) e no mundo.
O ensaio clínico foi conduzido pelo método randômico duplo cego durante 32 semanas e envolveu 93 participantes distribuídos em dois grupos, em que ambos tiveram um acompanhamento psicoterapêutico associado ao uso da substância (grupo 1) ou ao uso do placebo (grupo 2), a fim de comparar e analisar os dados.
Apesar de usarem uma amostra pequena, os pesquisadores se depararam com os seguintes resultados:
No entanto, os cientistas envolvidos no estudo identificaram uma série de limitações, necessitando haver mais abordagens científicas sobre o uso da psilocibina no tratamento do transtorno por uso de álcool.
No Brasil, os testes com uso controlado da substância também são uma realidade. Pesquisadores associados à Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) receberam, no primeiro semestre deste ano, aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para conduzir testes com a psilocibina.
Em parceria com uma empresa privada, os cientistas vão desenvolver uma medicação alucinógena derivada da extração da substância dos cogumelos, e a expectativa é identificar o uso terapêutico para questões como depressão, ansiedade, dependência química e diferentes tipos de trauma.
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Fonte: Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), eCycle, The New York Times.