Qual será o impacto de uma vacina universal contra a gripe?

30 de dezembro de 2022 3 mins. de leitura
O imunizante experimental protege contra 20 subtipos do vírus da gripe

Uma vacina que proteja contra todas as cepas conhecidas do vírus da gripe, capaz de reduzir os riscos de futuras pandemias de influenza, pode estar perto de ser lançada. Atualmente em teste, a nova fórmula foi apresentada em um estudo publicado na revista Science em 24 de novembro.

Desenvolvido por pesquisadores da Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos, o imunizante experimental é baseado na mesma tecnologia de RNA mensageiro (mRNA) utilizada nas vacinas contra a covid-19 fabricadas por Pfizer e Moderna. A técnica consiste em “ensinar” as células a sintetizar um tipo de proteína que estimule a resposta imunológica.

Ao receber a fórmula contendo as instruções de mRNA, as células são induzidas a produzir réplicas das proteínas hemaglutininas encontradas na superfície do vírus influenza. Dessa forma, o corpo fica pronto para ativar a defesa quando o organismo entra em contato com o vírus “real”.

Especialista acredita que o imunizante universal não deve demorar a ficar pronto. (Fonte: Freepik)
O imunizante universal deverá ser aplicado em 2 doses. (Fonte: Freepik/Reprodução)

Os resultados dos testes realizados em camundongos e furões deixaram os cientistas da instituição norte-americana animados. De acordo com eles, a aplicação “provocou altos níveis de anticorpos de reação cruzada e específicos de subtipo”, protegendo os animais das diferentes cepas do vírus influenza.

Aumentando a proteção contra a gripe

Há anos, cientistas tentam desenvolver vacinas universais contra a gripe, então a versão recém-criada pode significar um avanço. Os modelos em uso combatem até quatro cepas do patógeno, passando por atualizações anuais para garantir a compatibilidade com os vírus em circulação. Já a nova opção pode proteger contra até 20 subtipos de influenza A e B, potencialmente criando defesa contra qualquer variante que surgir.

Nos experimentos, os anticorpos gerados pela fórmula se mantiveram eficazes durante meses, protegendo os animais inoculados das formas graves da infecção.

A próxima fase da pesquisa é o teste da vacina em humanos. (Fonte: Freepik)
A próxima fase da pesquisa é o teste em humanos. (Fonte: Freepik/Reprodução)

Líder do estudo, o pesquisador Scott Hensley, disse que a ideia é fornecer um “nível básico de imunidade” contra toda a gama de cepas do vírus. Com a utilização da fórmula, será possível ter números muito menores de casos e mortes causadas pelo influenza “quando a próxima pandemia acontecer”, de acordo com o acadêmico.

A última vez que o planeta experimentou um episódio do tipo foi em 2009, com a gripe suína, causada por uma cepa do vírus A (H1N1). Outro caso marcante foi o da gripe espanhola, que matou de 50 milhões a 100 milhões de pessoas entre 1918 e 1919, segundo estimativas oficiais.

Quando estará pronta?

Apesar dos resultados promissores, a nova vacina universal contra a gripe ainda precisa ser testada em humanos. Os ensaios clínicos, que devem ser o próximo passo da pesquisa, possibilitarão verificar se a mesma eficácia identificada em camundongos e furões aparecerá em pessoas.

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O virologista John Oxford, que não participou da pesquisa, disse acreditar que o imunizante pode estar pronto para uso em até dois anos. Em entrevista à BBC, o professor da Universidade Queen Mary, em Londres (Reino Unido), enfatizou a importância do estudo e o “potencial enorme” do produto.

Fonte: The Guardian, Science

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