Ampla pesquisa mostra que o Sars-CoV-2 eleva os riscos de problemas cardiovasculares ao longo de um ano após as infecções
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A infecção por covid-19 pode aumentar riscos de doença cardíaca, de acordo com um estudo amplo realizado pela Universidade de Washington a partir de uma base de dados do Departamento dos Assuntos de Veteranos (DAV) dos Estados Unidos. A pesquisa, publicada na Nature Medicine, aponta que os problemas podem acontecer até um ano após as infecções.
Embora conhecidas, as complicações cardiovasculares associadas à covid-19 de longa duração não estão bem caracterizadas em estudos anteriores, que avaliaram apenas os riscos em indivíduos hospitalizados durante um curto período de acompanhamento. Além disso, eles não cobriram extensivamente todos os possíveis desfechos cardiovasculares.
O novo estudo acompanhou 153 mil pacientes que se recuperaram das infecções causadas pelo coronavírus e dois grupos com um total de 10 milhões de indivíduos sem exposição à covid-19 para estabelecer uma base de comparação dos riscos de desenvolvimento de distúrbios cardíacos durante 12 meses.
A comparação com os grupos de controle mostrou que os pacientes curados de covid-19 após um período inicial de recuperação de 30 dias tiveram mais riscos de desenvolver 20 distúrbios cerebrovasculares, como acidente vascular cerebral (AVC), fibrilação atrial, miocardite e pericardite.
Independentemente de idade, gênero, etnia e outros fatores de risco cardiovascular, como obesidade, diabetes e hipertensão, os participantes recuperados da covid-19 apresentaram risco aumentado de sofrer doenças cardiovasculares até um ano depois das infecções.
Apesar de as evidências científicas mostrarem que esses riscos podem se manifestar mesmo em pessoas com baixo risco de doença cardiovascular, as complicações associadas à covid-19 exibiram aumento gradual segundo a escala de gravidade da enfermidade entre indivíduos não hospitalizados, hospitalizados e internados em unidades de terapia intensiva (UTIs).
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O artigo publicado pela Nature Medicine afirma que o estudo tem várias limitações. A composição demográfica dos indivíduos analisados é, em sua maioria, branca e masculina, o que pode restringir a generalização das conclusões da pesquisa. Mesmo com o uso de algoritmos para ajustar as análises de um grande conjunto de variáveis, a possibilidade de viés não é descartada.
É possível, também, que algumas pessoas dos grupos de controle tenham tido covid-19, mas não tenham sido testadas. Caso o número desses casos tenha sido significativo, o risco de resultados enviesados é alto. Além disso, os conjuntos de dados não incluem informações sobre causas de morte.
Estudos futuros devem investigar as vias mecanicistas subjacentes responsáveis pelo desenvolvimento de doenças cardiovasculares na fase pós-aguda da covid-19. Uma compreensão mais profunda ajudará a informar o desenvolvimento de estratégias para prevenir manifestações cardiovasculares em pessoas infectadas pelo coronavírus.
Mesmo com limitações, os resultados da pesquisa servem como um alerta para que os profissionais de saúde estejam atentos e preparados para lidar com o aumento das complicações cardiovasculares. Após alta nos registros de casos de covid-19, as autoridades de saúde podem atrasar a preparação para as consequências da pandemia por muito tempo.
Os autores do estudo recomendam que os sistemas globais, além de implementar estratégias para controlar infecções primárias por coronavírus, desenvolvam ações para prevenir a covid-19 longa e suas inúmeras complicações, incluindo o risco de doenças cardiovasculares graves.
Essas condições não apenas geram consequências duradouras para as pessoas e os sistemas de saúde como também podem causar amplas sequelas nas condições socioeconômicas e na expectativa de vida.
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Fonte: Nature Medicine.