O Brasil vai ter 30% da população com idade superior a 60 anos até 2050, e o sistema de assistência médica deve se adaptar para cuidar da saúde do idoso
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A saúde do idoso no Brasil deve obter maior relevância nas próximas décadas com o envelhecimento populacional. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o número de pessoas com idade maior que 60 anos saltou 40% em nove anos, saindo de 22,3 milhões em 2012 para 31,2 milhões para 2021.
Isso significa que os idosos representam, atualmente, quase 15% da população brasileira. Essa participação deve chegar a 16% até 2030, segundo projeções da Organização Mundial da Saúde (OMS). E, até 2050, cerca de 30% das pessoas no Brasil terão mais de 60 anos, conforme estimativas do IBGE.
O envelhecimento populacional vem acompanhado do aumento da ocorrência de doenças cardiovasculares, diabete e demência. Diante desse cenário, a Secretaria do Tesouro Nacional estimou, em 2020, que o Brasil deverá investir mais de R$ 50 bilhões adicionais em função do envelhecimento populacional até 2027.
O sistema de saúde brasileiro muitas vezes carece de infraestrutura adequada e recursos para atender às necessidades específicas da saúde do idoso. O Sistema Único de Saúde (SUS) conta com 2,5 mil geriatras. Contudo, de acordo com padrões internacionais estabelecidos pela OMS, o Brasil precisaria formar mais 28 mil médicos para cuidar desses pacientes.
O foco da assistência médica, muitas vezes, está mais em tratamento do que em prevenção. O resultado dessa tendência é que a pessoa idosa no Brasil toma, em média, 16 medicamentos, enquanto o nível mundial fica em torno de cinco remédios. Isso acende um alerta para o uso excessivo dos fármacos, especialmente quanto a possíveis interações medicamentosas prejudiciais.
Outra questão é o acesso desigual a serviços de saúde de qualidade, com disparidades significativas entre diferentes regiões do País e grupos socioeconômicos. Sem obter atendimento nas unidades de atenção básica, o pronto-socorro acaba sendo o caminho para encontrar assistência médica, o que onera ainda mais o sistema de saúde.
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O envelhecimento populacional requer uma combinação de estratégias que envolvem políticas governamentais, investimento em infraestrutura de saúde, educação continuada de profissionais, prevenção de doenças e condições mais graves e uso inteligente de tecnologias.
Conheça algumas das principais abordagens para garantir a saúde do idoso diante desse panorama.
A integração entre diferentes níveis de atenção à saúde, como atenção primária, hospitais, clínicas especializadas e serviços de reabilitação, garante que o cuidado com a saúde do idoso seja contínuo e coordenado, evitando a fragmentação.
Para tanto, as unidades necessitam de equipes de saúde multidisciplinares para atender às diversas necessidades dos idosos, com profissionais como médicos geriatras, enfermeiros, fisioterapeutas, assistentes sociais e outros profissionais de saúde, trabalhando de forma colaborativa.
A tecnologia tem o potencial de desempenhar um papel fundamental no cuidado do uso. A inteligência artificial (IA) pode ser usada para analisar grandes quantidades de dados de pacientes, identificando padrões que indiquem riscos ou necessidade de intervenções, para auxiliar os profissionais de saúde a tomarem decisões mais informadas.
Além disso, wearables e sensores podem ser utilizados para monitorar sinais vitais dos idosos em tempo real. Isso permite a detecção precoce de problemas de saúde e reduz a necessidade de visitas constantes ao hospital.
Os profissionais de saúde devem receber treinamento adequado em relação aos cuidados específicos para os idosos a fim de compreender as particularidades das doenças mais comuns nessa faixa etária e as melhores abordagens de tratamento. Eles devem ser capacitados para se comunicarem de maneira empática com os idosos, o que é crucial para entender suas necessidades.
O serviço de atendimento domiciliar permite levar cuidados de saúde diretamente à casa do idoso, garantindo um atendimento mais personalizado e evitando hospitalizações desnecessárias. Entretanto, os profissionais de saúde devem identificar riscos ambientais e tomar medidas para evitar quedas e outros acidentes, comuns nessa faixa etária.
Fontes: Futuro da Saúde, Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Ministério da Saúde, Agência IBGE de Notícias, Estadão