Ômicron pode driblar imunidade adquirida em infecções

6 de setembro de 2022 4 mins. de leitura
Pessoas vacinadas também podem ser atingidas pelas novas sublinhagens, mas o maior risco é para pessoas que não se imunizaram contra a covid-19

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Desde que foi descoberta, no fim de 2021, na África do Sul, a variante ômicron do Sars-CoV-2 tem causado novas preocupações no combate à covid-19. Meses depois, o aparecimento das sublinhagens da ômicron demonstra que mesmo as pessoas já infectadas com essa variante não estão totalmente protegidas.

Segundo um estudo publicado em maio por cientistas sul-africanos, a infecção pela variante ômicron não impede novos casos de covid-19 com as sublinhagens BA.4 e BA.5 — surgidas no primeiro trimestre de 2022.

Essas novas cepas conseguem driblar as proteções adquiridas com infecções anteriores: os cientistas observaram uma quantidade menor de anticorpos no organismo dos infectados com essas sublinhagens.

Dessa forma, o vírus e a covid-19 podem se espalhar ainda mais — especialmente em locais onde uma parcela menor da população foi vacinada. Como é o caso da própria África do Sul — estima-se que apenas um terço da população está imunizada.

Cientistas sul-africanos descobriram que pessoas não-vacinadas estão especialmente vulneráveis às novas sublinhagens da ômicron (Fonte: Shutterstock)
Cientistas sul-africanos descobriram que pessoas não vacinadas estão especialmente vulneráveis às sublinhagens da ômicron. (Fonte: Shutterstock/Reprodução)

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Risco maior para não vacinados

O estudo sul-africano contou com 39 participantes, sendo 24 não vacinados e outros 15 vacinados (8 com imunizantes da Pfizer e 7 com a Janssen).

As amostras de sangue de todos os participantes foram coletadas quando estes foram infectados pela primeira linhagem da ômicron, no fim de 2021. Após a exposição às novas sublinhagens (BA.4 e BA.5), observou-se uma diminuição de quase oito vezes nos índices de produção de anticorpos entre as pessoas não vacinadas. Já entre as vacinadas, a diminuição foi de apenas três vezes.

O estudo aponta ainda que os participantes vacinados têm uma capacidade cinco vezes maior de neutralizar o vírus do que as pessoas não vacinadas.

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Vacinas e novas sublinhagens

Outro estudo semelhante, realizado por cientistas chineses, foi publicado em junho na revista Nature. Ele mostra que as sublinhagens BA.4 e BA.5 podem driblar os anticorpos de vacinas e são especialmente agressivas com quem não se vacinou — e conta apenas com a imunidade adquirida em infecções anteriores.

Os cientistas alertam que mesmo as vacinas desenvolvidas para neutralizar a variante ômicron original podem não ser eficazes contra as novas sublinhagens.

Em entrevista à agência de notícias Reuters, o dr. Onyema Ogbuagu disse acreditar que até pode existir alguma vantagem em ter vacinas específicas para a ômicron, mas que elas não seriam muito superiores às atuais com as doses adicionais.

As vacinas para variantes específicas tendem a “ficar desatualizadas” rapidamente, pois, quando um imunizante for lançado, já terá surgido uma nova variante que “driblará” sua proteção.

Ainda assim, a imunização é importante: “apesar da evasão da imunidade, a expectativa é de que as vacinas continuem protegendo de casos graves”, afirmou o dr. Ogbuagu.

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Embora continuem protegendo contra infecções graves, vacinas para variantes específicas são pouco eficazes (Fonte: Shutterstock)
Embora continuem protegendo contra infecções graves, vacinas para variantes específicas são pouco eficazes. (Fonte: Shutterstock/Reprodução)

As novas possibilidades de combate à ômicron

Uma proteção mais ampla contra a variante ômicron e suas sublinhagens poderá ser criada com os imunizantes por via nasal — que impedem a infecção já na entrada do vírus no corpo — ou com fórmulas criadas a partir de diversas cepas do Sars-CoV-2.

É interessante notar que algumas drogas lançadas recentemente para tratar da covid-19 — como o bebtelovimab e cilgavimab — apresentaram boa resposta às sublinhagens BA.4 e BA.5.

Porém, o uso de medicamentos para tratar da covid-19 ainda é incipiente, com a aprovação dos primeiros remédios para uso no Sistema Único de Saúde (SUS) em maio de 2022.

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Fonte: Reuters

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