Paciente com câncer nas glândulas salivares foi curado da doença ao receber o tratamento
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Pacientes com câncer poderão ter acesso, futuramente, a uma nova alternativa de tratamento para a doença. Trata-se do método que utiliza vírus para infectar e destruir os tumores, cujos resultados, apresentados durante uma conferência médica em Paris (França), no início de setembro, foram promissores.
Desenvolvida por especialistas do The Royal Marsden NHS Foundation Trust, do Reino Unido, a técnica aproveita uma versão modificada do vírus do herpes labial para atacar as células cancerígenas. O agente é aplicado no tumor por meio de injeções.
Ao entrar em contato com ele, a versão alterada do vírus invade as células causadoras da doença e se multiplica, fazendo-as se romperem ao mesmo tempo que ativa o sistema imunológico do paciente, de acordo com os cientistas britânicos. Na etapa inicial da pesquisa, aproximadamente 40 voluntários foram recrutados.
Parte deles recebeu apenas o tratamento com vírus para câncer, enquanto os demais tomaram o remédio nivolumab com a injeção. Conforme o relatório, três em cada nove pacientes tratados somente com o vírus tiveram redução dos tumores, benefício que chegou também a 7 a cada 30 pessoas do outro grupo.
O paciente Krzysztof Wojkowski foi um dos voluntários que recebeu a injeção de vírus do herpes para tratar câncer, chamada pelos pesquisadores de RP2. Diagnosticado em 2017 com câncer nas glândulas salivares, ele viu o tumor crescer mesmo após cirurgias e outras terapias.
Em entrevista à BBC, Wojkowski contou que já se preparava para o pior quando conheceu o tratamento. Recebendo injeções com intervalo de duas semanas, durante pouco mais de um mês, o paciente se curou do câncer há dois anos.
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Os resultados deixaram os líderes do ensaio clínico animados com as respostas obtidas em diferentes variedades de cânceres, inclusive em estágio avançado. Um tipo raro de câncer e um de esôfago estão entre os casos de melhora que impressionaram os pesquisadores.
Segundo o autor principal do estudo, Kevin Harrington, não é comum ter taxas de respostas “tão boas” na primeira etapa. Nessa fase, o objetivo é checar a segurança do método em pacientes com câncer avançado e para os quais os tratamentos convencionais não funcionam mais.
O uso de vírus para destruir tumores não é um método tão novo. Cientistas descobriram essa possibilidade há cerca de cem anos, e ela já foi aplicada em tratamentos de câncer de pele usando o vírus do resfriado, em 2016, mas ainda há muitos desafios a serem superados.
Apesar dos resultados positivos e de benefícios, como efeitos colaterais mais leves que os da quimioterapia, a terapia viral depende de mais estudos para ser adicionada, em definitivo, à lista de tratamentos para câncer.
“Estou ansioso para saber se vamos continuar a ver benefícios à medida que tratamos um número maior de pacientes”, comentou Harrington sobre os próximos passos.
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Fonte: Estadão