Covid-19: com que rapidez a imunidade contra a doença desaparece?

9 de maio de 2023 4 mins. de leitura
Novo estudo aponta que imunidade combinada entre vacinação e infecção por covid-19 pode durar por, pelo menos, 8 meses

Depois de três anos de pandemia e do início da vacinação em massa, cientistas ainda buscam respostas relacionadas à duração da imunidade proporcionada pelas infecções por covid-19 e a vacinação contra o coronavírus. O cálculo é complexo, pois envolve não só a redução da imunidade ao longo do tempo, mas também as mutações do vírus e a reação das células imunológicas.

Uma série de estudos aponta que a imunidade híbrida, resultante da vacinação e da doença, tem efeito mais amplo no corpo. A combinação da vacina com infeções pela variante ômicron pode proporcionar proteção parcial contra a reinfecção por, pelo menos, oito meses, segundo um artigo publicado na The Lancet.

Outro estudo publicado no mesmo periódico científico fez uma revisão ampla de artigos científicos sobre o tema e concluiu que a imunização híbrida proporciona mais de 95% de proteção contra o desenvolvimento grave de covid-19 ou a hospitalização entre seis meses e um ano após a infecção ou a vacinação.

Onda ômicron

A China, que foi o epicentro inicial da covid-19, passou por um novo surto da doença no final do ano passado. (Fonte: Joshua Fernandez/Unsplash/Reprodução)
China, que foi epicentro da covid-19, passou por novo surto que infectou 80% da população entre o fim de 2022 e o início de 2023. (Fonte: Joshua Fernandez/Unsplash/Reprodução)

A variante ômicron foi identificada no fim de novembro de 2021, quando 260 milhões de casos de covid-19 e 5,7 milhões de óbitos haviam sido registrados no mundo, de acordo com a plataforma Our World in Data. Naquele momento, mais de 4 bilhões de pessoas tinham recebido pelo menos uma dose da vacina, e o ritmo da doença estava se desacelerando.

Apesar disso, a cepa e as subvariantes dela provocaram uma nova onda de infecções e mortes e se tornaram a linhagem principal. Desde a identificação e a dominância da ômicron, foram registrados outros 400 milhões de casos de covid-19 e mais 1,6 milhão de óbitos, demonstrando que a imunidade tem ajudado a reduzir o desenvolvimento mais grave da doença.

No entanto, a vacinação não foi capaz de frear a ocorrência de novas infecções. Um estudo realizado em Israel com mais de 10 mil trabalhadores da área da Saúde que não haviam sido infectados anteriormente e receberam três ou quatro doses da vacina Pfizer-BioNTech mostrou que a eficácia da quarta dose contra a infecção caiu rapidamente após quatro meses.

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Prevenção continua sendo eficaz

As medidas básicas de prevenção continuam sendo recomendadas, especialmente em caso de sintomas gripais. (Fonte: Kelly Sikkema/Unsplash/Reprodução)
Medidas básicas de prevenção continuam sendo recomendadas, especialmente em caso de sintomas gripais. (Fonte: Kelly Sikkema/Unsplash/Reprodução)

Os estudos não conseguem prever o risco individual de infecção futura devido à complexidade do sistema imunológico e ao surgimento contínuo de novas variantes. Ainda não está claro para os cientistas como a imunidade híbrida afetará os surtos e as decisões sobre doses de reforço, em especial para pessoas em grupos de alto risco.

Mesmo com menor atenção por parte das campanhas de saúde e dos veículos de comunicação, o coronavírus continua circulando, e a Organização Mundial da Saúde (OMS) ainda não declarou o fim da pandemia. Apenas nos primeiros 50 dias de 2023, foram registrados quase 14 milhões de novos casos da doença no mundo, além de 171 mil óbitos.

Ainda que a obrigatoriedade das medidas preventivas tenha sido suspensa na maior parte do planeta, ações simples como higiene das mãos, uso de máscara e distanciamento social continuam sendo eficazes para a prevenção de novas infecções de covid-19, independentemente da imunização causada pela doença ou por vacinas.

Fonte: Nature, New England Journal of Medicine, The Lancet

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