FDA aprova anticorpo monoclonal para tratamento da covid-19

23 de fevereiro de 2023 3 mins. de leitura
O tocilizumabe estava sendo usado de forma emergencial em pacientes graves com covid-19

Uma das principais apostas para o tratamento da covid-19 em 2023, o tocilizumabe já pode ser utilizado de forma definitiva em pacientes infectados pelo Sars-CoV-2 nos Estados Unidos. A liberação do medicamento aconteceu após a aprovação total dada pela agência federal Food and Drug Administration (FDA) em dezembro do ano passado.

Fabricado pela farmacêutica Genentech, atualmente pertencente à suíça Roche, o tocilizumabe é um anticorpo monoclonal para uso em pacientes adultos hospitalizados. Ministrado de forma intravenosa, ele é indicado para doentes com quadros de moderados a graves da doença causada pelo coronavírus.

Comercializado sob o nome Actemra, o remédio vinha sendo utilizado há alguns meses inclusive em outros países, porém tinha autorização apenas para uso emergencial nos Estados Unidos, a partir de uma aprovação temporária concedida pela agência reguladora em 2021.

O tocilizumabe é um medicamento intravenoso. (Fonte: Shutterstock/Reprodução)
O tocilizumabe é um medicamento intravenoso. (Fonte: Shutterstock/Reprodução)

Com a aprovação total da FDA, o anticorpo monoclonal entra definitivamente na lista de remédios indicados para tratar covid-19 em pacientes hospitalizados. A liberação foi feita após resultados satisfatórios apresentados pela fórmula — estima-se que mais de 1 milhão de pessoas tenham sido tratadas com o medicamento.

Como funciona?

Originalmente usado no tratamento de artrite reumatoide, o anticorpo monoclonal aprovado pela FDA para tratar covid-19 atua como inibidor da interleucina-6 (IL-6), uma proteína responsável por promover inflamação crônica e que também tem relação com o risco de morte elevado na infecção pelo agente causador da doença pandêmica.

Desenvolvido na década de 1990, o medicamento intravenoso foi capaz de reduzir o número de mortes de pacientes hospitalizados com infecção pelo Sars-CoV-2, como mostrou um estudo feito em 2021 no Reino Unido. A análise apontou ainda a eficácia na redução do tempo de internação e na necessidade de ventilação mecânica.

O anticorpo monoclonal tem apresentado bons resultados ao ser administrado em pacientes com covid-19. (Fonte: Shutterstock/Reprodução)
O anticorpo monoclonal tem apresentado bons resultados ao ser administrado em pacientes com covid-19. (Fonte: Shutterstock/Reprodução)

Na pesquisa, dados clínicos de 2.022 pessoas tratadas com tocilizumabe foram comparados com informações de um número semelhante de pacientes que receberam medicamentos convencionais, a maioria usando o corticoide dexametasona. O número de mortes no primeiro grupo foi inferior ao do segundo.

Além disso, o anticorpo monoclonal aumentou a possibilidade de alta de 47% para 54% em 28 dias, benefício notado até mesmo em pacientes que exigiam mais cuidados na unidade de terapia intensiva (UTI). Já a chance de progressão para ventilação mecânica ou invasiva foi reduzida de 38% para 33%.

Uso no Brasil

O potencial do tocilizumabe para controlar doenças inflamatórias e desordens no sistema de defesa do organismo, apontado no estudo britânico e em outras pesquisas, também chamou a atenção das autoridades de saúde brasileiras. Em setembro do ano passado, o remédio foi incorporado às opções de tratamento oferecidas pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

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Mas, como anunciou o Ministério da Saúde na ocasião, o prazo máximo para uma oferta efetiva do anticorpo monoclonal para tratamento da covid-19 no SUS é de 180 dias. Assim como em outros países, o remédio será destinado exclusivamente a pacientes adultos hospitalizados nas unidades de saúde públicas de todo o Brasil.

Fonte: Forbes, The Lancet, Ministério da Saúde

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