Envelhecimento celular: cientistas rejuvenescem pele em 30 anos

1 de junho de 2022 4 mins. de leitura
Experimento realizado por cientistas da Universidade de Cambridge conseguiu reverter envelhecimento celular da pele humana

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Cientistas conseguiram encontrar uma maneira de reverter o processo de envelhecimento celular da pele humana. Por meio de uma pesquisa inovadora, uma equipe de cientistas da Universidade de Cambridge afirma ter tornado 30 anos mais jovem as células da pele de uma mulher de 53 anos.

Essa é uma reversão mais longa do envelhecimento sem danificar as células do que qualquer outro estudo anterior. Um estudo detalhando o método foi publicado na revista científica eLife. A equipe de pesquisa afirma que pode fazer a mesma coisa com outros tecidos do corpo.

O objetivo final do estudo científico é desenvolver tratamentos para doenças relacionadas à idade, como diabetes, doenças cardíacas e neurológicas. As descobertas ainda estão em estágios iniciais. Com o aprofundamento da pesquisa, o método poderá revolucionar os medicamentos regenerativos, segundo os cientistas.

Experimentos para reverter o envelhecimento celular

(Fonte: Babraham Institute/Reprodução)
Rejuvenescimento de células foi confirmado por experimento de laboratório. (Fonte: Babraham Institute/Reprodução)

Uma nova técnica foi aplicada às células da pele chamadas fibroblastos, que geram colágeno e desempenham um papel crucial no reparo de feridas. Usando células de três doadores com idades entre 38 e 53 anos, os pesquisadores descobriram que o método atrasou o relógio epigenético dos fibroblastos em aproximadamente 30 anos.

Uma análise do transcriptoma das células — abrangendo todo o seu conjunto de informações genéticas — revelou um grau semelhante de rejuvenescimento genético. Para confirmar essa descoberta, os pesquisadores simularam uma ferida na pele fazendo um corte em uma camada de fibroblastos tratados em uma placa de Petri.

As células reprogramadas produziram uma quantidade maior de colágeno do que os fibroblastos não tratados, além de migrarem para a área da ferida mais rapidamente. Tudo isso aponta para uma reversão significativa do declínio funcional relacionado à idade.

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Medicina regenerativa

A reversão do envelhecimento celular da pele pode ser aplicada a outros tecidos e ajudar no combate a doenças. (Fonte: Shutterstock/Reprodução)

A pesquisa faz parte de um campo chamado medicina regenerativa, especializado em corrigir erros no genoma do paciente à medida que acontece o envelhecimento celular.

Normalmente, conforme envelhecem, as células introduzem erros em seu código quando se replicam, resultando na degeneração progressiva do corpo que é vista ao longo do tempo.

Os cientistas estão procurando apagar esses marcadores de envelhecimento, restaurando as células a um estado mais jovem. Um grande avanço nesse campo foi alcançado em 2007, quando o pesquisador japonês Shinya Yamanaka desenvolveu uma técnica para transformar células maduras de volta em células-tronco, expondo-as a um coquetel de químicos por 50 dias.

No entanto, isso faz que as células percam a identidade somática. Os cientistas são incapazes de produzir de forma confiável que essas células-tronco reprogramadas se diferenciem de células adultas maduras. Para contornar esse problema, os autores do novo estudo expuseram as células da pele humana aos fatores Yamanaka por apenas 13 dias.

Novo método

O novo método desenvolvido pelos cientistas de Cambridge é baseado em uma técnica ganhadora do Prêmio Nobel usada para produzir células-tronco. A tecnologia foi batizada de maturation phase transient reprogramming (MPTR).

Ao superar o problema de apagamento completo da identidade das células, interrompendo a reprogramação em parte do processo, a nova técnica permitiu que os pesquisadores encontrassem o equilíbrio entre tornar as células mais jovens e manter a sua função celular especializada.

O experimento também descobriu que os indicadores de envelhecimento celular em genes associados a doenças foram revertidos durante esse método, o que os cientistas consideram particularmente promissor para o futuro de novos trabalhos.

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Fonte: Babraham Institute/Cambridge University, eLife.

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