Estudo identifica bactérias que estão relacionadas ao desenvolvimento de tumores graves
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De acordo com dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca), cerca de 65 mil novos casos de câncer de próstata são registrados por ano no Brasil, sendo um dos principais tipos de tumor que causa a morte de homens.
Ainda não se sabe ao certo como o câncer de próstata se desenvolve; no entanto, uma equipe de pesquisa da University of East Anglia (Inglaterra) conseguiu estabelecer uma conexão entre formas agressivas da doença e alguns tipos especiais de bactérias.
A descoberta é importante para o desenvolvimento de um teste que possa fornecer um diagnóstico rápido e barato. Os pesquisadores esperam que o conhecimento recém-adquirido possa abrir caminhos para tratamentos que sejam capazes de retardar ou prevenir o desenvolvimento de tumores mais graves.
A associação de infecções causadas por bactérias em outros tumores cancerígenos foi o ponto de partida para o estudo. A Helicobacter pylori, por exemplo, tem um papel conhecido no desenvolvimento do câncer gástrico, estimulando a busca do envolvimento microbiano no crescimento de outros tumores.
Estudos anteriores apontaram que os micróbios encontrados em abundância no trato urogenital e no tecido prostático diferem entre pacientes de acordo com o grau de desenvolvimento do tumor. Algumas das relações entre a presença de câncer de próstata e os perfis microbianos da urina e do trato gastrointestinal também já eram conhecidas.
Os cientistas, então, focaram o sequenciamento genético de amostras de urina ou tecido de mais de 600 pacientes com ou sem câncer de próstata. O estudo acabou descobrindo novos grupos de micróbios que podem se tornar biomarcadores para diagnósticos de tumores agressivos.
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Os cinco tipos de bactérias mais comuns em amostras de urina e tecidos de homens com câncer de próstata agressivo são todos anaeróbicos, ou seja, não necessitam de oxigênio para fornecer energia ao seu metabolismo.
O estudo identificou quatro novas espécies, sendo três encontradas de forma ampla nas amostras e duas batizadas em homenagem aos financiadores do estudo.
A Anaerococcus prevotii foi encontrada em 57% das amostras de pessoas com câncer de próstata. A bactéria é encontrada geralmente na flora normal da pele, na cavidade oral e no intestino. Em alguns casos, pode ser isolada de amostras de secreções vaginais e ovarianas, peritoneais, abscessos sacrais ou pulmonares.
A espécie Peptoniphilus harei, descoberta pelo estudo, foi identificada em 65% das amostras. Outras cepas do mesmo gênero são geralmente encontradas na pele ou associadas a um cenário de colonização polimicrobiana de feridas crônicas e úlceras.
A Porphyromonas asaccharolytica, nova espécie de bactéria, foi achada em 36% das amostras estudadas. A P. gingivalis, a cepa mais conhecida do mesmo gênero, geralmente é encontrada na boca, onde provoca alguns tipos de periodontite crônica.
O gênero Fenollaria foi descoberto pela primeira vez apenas em 2014, com um sequenciamento genético de uma amostra osteoarticular, por isso ainda se sabe pouco da bactéria. Os cientistas da University of East Anglia descobriram uma nova espécie, que têm 85% de similaridade genética com uma cepa achada em 2018.
A Fusobacterium nucleatum, presente em 57% das amostras da pesquisa, geralmente encontrada na boca, está associada às infecções periodontais. Um estudo anterior da Universidade Estadual Paulista (Unesp) associou a espécie ao risco de câncer colorretal.
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Fonte: University of East Anglia, Instituto Nacional do Câncer (Inca), PubMed Central, Universidade Estadual Paulista (Unesp)