Segundo boatos da época, o chá era envenenado e servido em um hospital do Rio de Janeiro
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A gripe espanhola foi uma pandemia que assolou o Brasil e diversos países entre 1818 e 1819. A doença era causada a partir da infecção do vírus da influenza, o H1N1, e contaminava pelo ar, de maneira muito semelhante ao Sars-CoV-2.
De acordo com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), a gripe levou 14 mil brasileiros a óbito em 1818, por conta da descrença inicial dos governantes. Na época, a situação estava tão preocupante que até houve dificuldade de onde enterrar as vítimas da enfermidade.
O temor levou ao fechamento de Congresso, comércio e Senado. Cerca de 35 mil brasileiros perderam a vida durante o período. No meio desse medo e caos, começou a ser relatado um caso preocupante em um hospital do Rio de Janeiro.
A Santa Casa da Misericórdia era um dos principais pontos de atendimento do público geral da capital carioca. Ela fornecia assistência e atendimento gratuito para a população, sofrendo bastante com a superlotação e as condições precárias, principalmente durante a época da gripe.
Entre os principais problemas que o local tinha, estavam a falta de remédios, de leitos, de alimentação e até de condições de higiene para tratar a situação. Com o aumento do número de internados e enfermos, a Santa Casa da Misericórdia passou a ser chamada, por alguns jornalistas da época, de Casa do Diabo.
A publicidade era tão ruim que, após uma visita do governo, ficou proibido que o local recebesse novos pacientes, visto que não tinha condição de tratá-los. Entretanto, o fato de que a maioria das pessoas só deixava o hospital morta também foi levado em conta na hora de cancelar novas internações.
Claro que a principal culpada disso era a influenza, mas alguns boatos começaram a aparecer de que a Casa do Diabo estaria envenenando os pacientes com uma bebida fatal.
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Segundo a Biblioteca Nacional, a Santa Casa da Misericórdia encontrou uma solução para se livrar das pessoas com menos condições de sobrevivência que estavam internadas lá: dar uma bebida misturada com um veneno fatal. Essa combinação recebeu o nome de chá da meia-noite.
Na época, dizia-se que os pacientes da Casa do Diabo não faziam ideia do que estavam tomando, sendo a oferta um prêmio para aqueles que se comportavam melhor. Isso porque, segundo conta a lenda, as pessoas bebiam a infusão com a promessa de que iriam melhorar de uma hora para a outra.
A história nunca foi comprovada, mas ficou na memória de muitas pessoas do Rio de Janeiro. O chá da meia-noite se tornou até tema de escola de samba, quando Os Democráticos desfilaram, em 1919, com uma xícara na qual estava escrito o nome da bebida.
Mesmo com os boatos do chá da meia-noite e da Casa do Diabo, o Brasil conseguiu vencer a doença após os governantes perceberem a situação em que o País estava.
Assim, o presidente da época, Venceslau Brás, tomou a decisão de convocar um médico renomado para auxiliar o governo no combate à influenza. Foi nesse momento que o médico Carlos Chagas ajudou a reverter a situação. Chagas apoiou as pesquisas científicas, abriu hospitais emergenciais e postos de saúde focados no tratamento da doença.
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Fonte: Biblioteca Nacional, Aventura na História, Colégio Farroupilha, Summit Saúde Estadão, hexag medicina