Em esforço inédito na Medicina, setores públicos e privados conseguiram desenvolver imunizantes e terapias eficazes contra a covid-19 em apenas 2 anos
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A pandemia de covid-19 ainda não acabou, mas já permitiu conquistas tecnológicas para a saúde. Em apenas dois anos, houve um esforço inédito de financiadores, indústria farmacêutica, universidades, agências governamentais, órgãos reguladores e fundações para produzir uma série de vacinas eficazes e terapias antivirais.
A vacinação, por exemplo, com a proteína S provoca uma resposta imune que reduz hospitalizações e óbitos, até mesmo para as variantes. Terapia de anticorpos e medicamentos de pequenas moléculas para Sars-CoV-2 também avançaram e tem-se mostrado eficazes na prevenção de infecções graves.
A partir dessa experiência, uma revisão publicada na edição especial da Science buscou refletir sobre como preparar o mundo para minimizar os efeitos de novos vírus e tentar evitar o surgimento de futuras pandemias.
O combate contra a covid-19 tem tido sucesso, mas não é totalmente perfeito. O mundo registra mais de 5 milhões de mortes pela doença, segundo o site Our World in Data.
Quase 3 bilhões de pessoas, um terço da população mundial, ainda não recebeu sequer a primeira dose e apenas 1,4 bilhão, quase um quinto do total, recebeu a imunização de reforço.
A distribuição das vacinas precisa incluir países em desenvolvimento, defende o artigo. Além disso, é necessário transferir a tecnologia dos imunizantes e os direitos de fabricação para locais na rede distribuída. Isso aconteceu, por exemplo, nos acordos para a produção da Coronavac e a vacina da Oxford no Brasil pelo Butantan e Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
A pandemia mostrou como as mídias sociais podem ser usadas para promover a desinformação e dificultar as estratégias de saúde pública. A Organização Mundial da Saúde (OMS) chegou a editar uma resolução sobre a infodemia para inibir a disseminação das fake news. O documento foi assinado por 134 países.
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A logística é um dos principais desafios que devem ser superados para evitar novas pandemias. Em especial, “os requisitos da cadeia de frio para as vacinas que não são estáveis à temperatura ambiente”, defendem os pesquisadores.
Além disso, “é preciso aumentar o número de doses que podem ser fabricadas para conseguir produzir bilhões delas rapidamente e atender à demanda global”, segundo o artigo. Para tanto, parcerias entre os setores público e privado são elementos centrais de uma resposta eficaz.
Uma ampla variedade de tecnologias teve sucesso, em graus variados, contra a covid-19. No entanto, não se sabe se a próxima doença pandêmica será vulnerável a essas abordagens.
Assim, para se preparar contra uma futura pandemia, “é preciso investir em pesquisa aplicada em novas tecnologias para facilitar a descoberta e o desenvolvimento de novos medicamentos e vacinas”, argumentam os pesquisadores.
Uma série de novas tecnologias de vacinas está sendo pesquisada há 30 anos e pode ser segura e eficiente. Muitos imunizantes com técnicas de ácido ribonucleico mensageiro (mRNA), ácido desoxirribonucleico (DNA) plasmidial, vetores virais e nanopartículas ainda não obtiveram licença para uso em humanos.
Nos fármacos aprovados, a abordagem just in time (JIT) usada para combater as novas variantes do Sars-CoV-2 pode ser replicada para imunização contra outras famílias de vírus e até tornar possível gerar imunizantes antes da próxima pandemia. “Devemos desenvolver prospectivamente vacinas para todos os vírus com potencial pandêmico”, conforme recomendação do estudo.
A perda de vidas em futuras pandemias pode ser minimizada com terapias antivirais de amplo espectro para vírus com potencial pandêmico. “Idealmente, essas terapias devem ser na forma de pílulas, para aumentar sua capacidade de serem distribuídas”, indicam os pesquisadores.
Os tratamentos devem ser acessíveis e não ser restritos pelo setor privado ou forças geopolíticas. “Essas tecnologias devem ser desenvolvidas em domínio público e coordenadas por organizações sem fins lucrativos”, de acordo com o estudo.
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Fonte: Science, Organização Mundial da Saúde (OMS), Our World in Data, University of Toronto.